Marcela Rebelo
Repórter da Agência Brasil
Brasília - Os parlamentares que não votaram pela cassação do mandato do presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), agiram por uma questão política e não por falta de provas contra o senador. A avaliação é do senador Renato Casagrande (PSB-ES), um dos relatores que pediu a cassação de Renan por quebra de decoro parlamentar."Quem não quis votar, não foi por falta de prova que incriminasse o senador Renan Calheiros. Quem não quis votar, foi por uma decisão política, o que tem o meu respeito. Por achar que a saída de Renan ia causar uma instabilidade muito grande no Senado, escolher um outro presidente", afirmou Casagrande em entrevista hoje (13) à Rádio Nacional.Na avaliação do relator, os senadores não podem argumentar que não havia provas contra o presidente da casa. "É lógico que nós não investigamos a empresa Mendes Júnior, é lógico que nós não sabemos se o dinheiro veio da Mendes Júnior ou não. Mas que o dinheiro não veio das fontes oficiais do senador Renan Calheiros, com certeza", disse. Renan foi acusado de quebra de decoro parlamentar por ter despesas pessoais pagas por um funcionário da construtora Mendes Júnior, Cláudio Gontijo.Casagrande ressaltou que não era possível Renan arcar com todas suas despesas e os patrimônios adquiridos nos últimos anos apenas com o seu salário de senador e suas atividades agropecuárias. "Até porque a sua atividade agropecuária era uma atividade agropecuária fictícia, dita pela própria perícia da Polícia Federal. Então, o que usamos foi a perícia que a Polícia Federal fez, que constatou essas irregularidades", completou o relator.Renato Casagrande reafirmou que o Senado ainda vive um momento de crise. "Uma situação difícil aqui internamente. Nessa convivência entre um presidente representado e que dividiu o plenário ao meio exatamente, e a necessidade que o Senado tem de votar suas matérias", afirmou.