Países em desenvolvimento vão sustentar o crescimento econômico global, diz Coutinho

13/09/2007 - 19h11

Alana Gandra
Repórter da Agência Brasil
Rio de Janeiro - Mesmo que a economia dos Estados Unidos desacelere, a economia mundial não vai ser afetada porque a pujança das economias dos  países em desenvolvimento, principalmente a China,  funcionará como escudo. A avaliação é do presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Luciano Coutinho, homenageado hoje (13) pela Associação e Sindicato dos Bancos do Estado do Rio de Janeiro.

Ele disse acreditar que mesmo que a retração de crédito venha a afetar o crescimento econômico, o Federal Reserve (o Banco Central norte-americano) não permitirá que uma crise de grandes proporções se alastre pelo mundo. “A economia desenvolvida não vai desacelerar de forma  significativa, porque pela primeira vez a periferia vai sustentar o crescimento do centro. É uma circunstância histórica extraordinária”, declarou.

Coutinho destacou a economia brasileira como uma das mais bem preparadas para ajudar a sustentação do ciclo econômico global, devido não só às condições macroeconômicas, mas em especial porque possui, hoje, um sistema bancário capitalizado e invulnerável a esse tipo de crise externa. "Nas operações domésticas, [é] zero de problemas, o sistema está preparado", disse, acrescentando que são mínimos os problemas de liquidez em operações de comércio externo.

Coutinho lembrou que o mercado de capitais apresenta novas oportunidades de investimentos, que deverão ser canalizados para as áreas de infra-estrutura e energia. E que o "seguro" contra a inflação, que é a possibilidade de as importações funcionarem como um colchão amortecedor das  pressões sobre os preços, está entre as condições para um crescimento sustentável. Segundo Coutinho, o país apresenta grande potencial de crescimento do crédito doméstico, que está chegando a cerca de 34% do Produto Interno Bruto (PIB, a soma das riquezas produzidas pelo país): “Há muito gás ainda para o crescimento do crédito, com o crescimento do emprego e da renda alavancando o crescimento da demanda final. E o crescimento do investimento providenciando a criação da oferta para gerar condições de sustentabilidade."