Diretor do Sindicato dos Aeroviários diz que Anac não faz inspeções rotineiras nas empresas

13/09/2007 - 14h45

Juliana Andrade
Repórter da Agência Brasil
Brasília - Odiretor do Sindicato Nacional dos Aeroviários, Reinaldo deAlmeida Barbosa, afirmou hoje (13) que a Agência Nacional deAviação Civil (Anac) não tem feito inspeçõesrotineiras nas áreas de manutenção das empresasaéreas.“Nãotem feito rotineiramente. Esporadicamente, quando há grandedemanda junto aos departamentos da Anac, insistência dosindicato, comparecem”, disse Barbosa, em depoimento naComissão Parlamentar de Inquérito (CPI) do ApagãoAéreo da Câmara dos Deputados.Barbosaé mecânico da TAM há oito anos e atualmentetrabalha no Aeroporto Santos Dumont, no Rio de Janeiro. Em entrevistaapós o depoimento, ele reforçou que a agênciareguladora “não tem cumprido sua função no quese refere à fiscalização da manutençãode aeronaves. “Naverdade não tem feito o seu dever de casa. O,sindicato temagilizado, tem denunciado, e não tem tido resposta daagência reguladora”. Tambémpara o relator da CPI, Marco Maia (PT-RS), a Anac nãotem cumprido responsabilidades de fiscalizar o setor aéreo. “Issoé uma coisa quase unânime hoje na sociedadebrasileira, unânime na CPI e unânime também nogoverno, que já admite, já falou várias vezes emtrocar todos os diretores da Anac. Isso está alicerçadono fato de que a Anac não cumpriu, durante esse últimoano, suas responsabilidades”.Nodepoimento, Reinaldo Barbosatambém apontou problemas, como o número reduzido demecânicos para atender a demanda e a quantidade dehoras extras que os profissionais têm que fazer. “Isso leva asituação estressante para o mecânico”.Deacordo com Barbosa, nos aeroportos com maior movimento, quatromecânicos chegam a ficar responsáveis por 30 a 35 aviõesdurante um turno de seis horas. Segundo ele, o ideal é quehouvesse pelo menos o dobro de profissionais para cuidar dessasaeronaves.Questionadopelo relator da CPI sobre que nota, de zero a dez, daria àmanutenção dos aviões pelas companhias aéreas,ele deu sete. Mas, para a atuação dos própriosmecânicos, deu dez. Barbosatambém disse que o sindicato recebe denúncias sobrefalhas em aeronaves, mas ressaltou que não tem condiçõesde afirmar se o número tem aumentado nos últimosmeses. Sobre a autorização de vôos de aviõescom um dos reversos [equipamento que ajuda a frear o avião]travado - como ocorreu com o Airbus A320 da TAM que explodiu hácerca de dois meses, após se chocar com um prédio daempresa - o mecânico disse que a prática não écomum.“Mastenho certeza de que a liberação do reverso pinado[travado] estava de acordo com as normas técnicas domanual [da aeronave]”, disse o diretor do Sindicato dos Aeroviários.Segundo Marco Maia, esse foi o último depoimento na CPI. Ele confirmou que começará a ler seu relatório na próxima terça-feira (18). Na quarta-feira (19),os integrantes da CPI vão se reunir com o especialista queanalisou a caixa preta do avião. De acordo com o relator, no dia seguinte, aapresentação do relatório deve ser concluída.