Juliana Andrade
Repórter da Agência Brasil
Brasília - O presidente doSindicato Nacional dos Trabalhadores em Proteção aoVôo, Jorge Botelho, considerou “infeliz” a declaraçãodo presidente da Agência Nacional de AviaçãoCivil (Anac), Milton Zuanazzi, de que a crise aérea acabou nodia 23 de junho. Para ele, a solução dos problemas detráfego aéreo está apenas no início.“Não[terminou], de maneira nenhuma. Durante os períodosmais agudos, ficou evidente que havia vários fatorescausando essa crise na aviação”, disse Botelho, queestá em Brasília hoje (5) para conversar com o relatorda Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) do ApagãoAéreo na Câmara, Marco Maia (PT-RS).Zuanazzi afirmou ontemque “oapagão encerrou em 23 de junho”, citando como argumentoindicadores de tráfego aéreo. Naquela data, a Aeronáuticadivulgou relatório informando que otráfego aéreo estava voltando ao normal. Um dia antes, havia anunciado o afastamento de controladores de vôo e outras medidas. Menos deum mês depois, no dia 17 de julho, houve o acidente com oAirbus da TAM, que matou 199 pessoas.As soluçõespara o tráfego aéreo não podem ser encontradastão rapidamente, na opinião de Jorge Botelho. “Temfatores que só a longo prazo, outros a médio, mas acurtíssimo prazo, não há. Esses fatores estãosendo atacados agora pelo ministro [da Defesa, Nelson Jobim],mas estamos no início do processo de solução.Até agora, não podemos dizer que a crise acabou. Foiuma declaração infeliz”.O presidente dosindicato disse que medidas positivas foram implantadas, como aredistribuição da malha aérea para desafogar oaeroporto de Congonhas, em São Paulo. Mas frisou que épreciso definir as competências de cada órgão dosistema de aviação civil e estabelecer qual será responsável por cobrar resultados. Ele voltou a defender adesmilitarização do controle de tráfego aéreo.Botelho disse queos controladores civis confiam em Nelson Jobim. “A postura dele, amaneira como se posicionou, de maneira firme e com autoridade, foiimportante para a gente”. Ele disse estar aguardando um convite doministro para discutir os problemas do setor.Quanto ao feriado de 7de setembro, o sindicalista afirmou que nada indica a existênciade problemas nos aeroportos. “Nada aponta para isso aí”.