Marcela Rebelo
Repórter da Agência Brasil
Brasília - A retirada da missão das NaçõesUnidas do Haiti neste momento causaria um "colapso" nopaís, na avaliação do professor EugênioDiniz, integrante do Instituto Internacional de Estudos Estratégicos."A situação ainda é muito frágil",disse hoje (4) em entrevista à Rádio Nacional.Na avaliação de Diniz, a polícianacional haitiana não tem condições de manter asegurança sem o apoio da Missão dasNações Unidas para a Estabilização doHaiti (Minustah): "Sair agora pode significar abandonar apopulação à ação de gangues comenorme uso de violência. Isso seria péssimo para a ONU epara o Brasil, que tomou a decisão de ir, porque isso indicariaque [o país] não leva a sério os compromissos que assumiu". O professor coordena o programa de mestrado em relações internacionais da Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais (PUC Minas).O conselheiro da Ordem dos Advogados do Brasil(OAB) Aderson Bussinger Carvalho elaborou um relatório em quecritica o envio de tropas ao Haiti. Segundo ele, não se tratade uma missão humanitária, mas sim de uma forçade ocupação. Ele sugere a saída do exércitobrasileiro da missão. O documento deve ser entregue porBussinger na quinta-feira (6) ao Conselho Federal da OAB.Para Eugênio Diniz, as tropas nãodevem ser retiradas neste momento. "Houve progressos com relaçãoao controle da violência no âmbito da capital, PortoPríncipe, principalmente de dezembro para cá. Emdezembro, houve um pico em termos de seqüestro, que estavapreocupando muito a população e desde janeiro, então,a Minustah, liderada pelo Brasil, as forças – com o apoiotambém da polícia nacional haitiana – mudaram deatitude e começaram a atuar no sentido de agir maisefetivamente principalmente com relação a líderesde gangues", avaliou.Ele afirmou que não é possíveldizer quanto tempo as forças ainda precisarão atuar nopaís caribenho. "É difícil antecipar quanto tempo adepender do tipo de processo que vai ser implementado daqui parafrente”, comentou. “Em termos de tempo, não dá parasaber. O que se viu, recentemente, é que num curto espaçode tempo, em aproximadamente quatro ou cinco meses, foi possívelconter a violência particularmente na capital. Mas foi possívelconter momentaneamente, não se sabe ainda o quãoduradouro é esse resultado." O Brasil está há três anos edois meses na liderança das tropas militares que compõema Minustah. Indagado ontem (3) sobre uma possível estratégiade saída do Brasil no Haiti, o ministro Nelson Jobim disseque a resposta cabe à ONU.