Aloisio Milani
Enviado especial*
Porto Príncipe (Haiti) - Após reunião dos ministros sul-americanos da Defesa que integram a força de paz da Organização das Nações Unidas (ONU) no Haiti, o representante do secretário-geral, o brasileiro Luiz Carlos da Costa, enfatizou que a missão deve sofrer uma alteração para ajudar a fiscalizar as fronteiras do país. Isso porque o litoral e a fronteira terrestre do Haiti com a República Dominicana são rotas do tráfico de drogas para os Estados Unidos e, ao mesmo tempo, têm uma frágil fiscalização contra armas ilegais. As tropas brasileiras já chegaram a apreender, nas favelas haitianas, um exemplar ilegal do fuzil FAL, de fabricação belga."Isso tem o objetivo a buscar os recursos que hoje em dia são perdidos por conta do contrabando. Também é um fator muito importante em termos de segurança, porque o tráfico de drogas e de armas é um fator de instabilidade".Segundo Costa, após três anos e dois meses de missão, a questão da segurança é uma realidade - o que permite transitar para uma fase de investimentos em questões básicas. Esse era um desafio levantado desde o início da missão, mas que esbarrava na falta de segurança e na burocracia de países e organismos de desenvolvimento da ONU. O tema da segurança das fronteiras e do espaço aéreo foi destacado na reunião dos ministros como um dos desafios para a missão."Nós conseguimos virar a página da questão da segurança. Agora entramos em uma fase de estabilidade que vai permitir à comunidade internacional, em parceria com o governo do Haiti, concentrar-se nas prioridades como foram indicadas pelo primeiro-ministro hoje. São elas: desenvolvimento, educação, saneamento - prioridades básicas que o país necessita. Mas é importante salientar que essa estabilidade de segurança é muito frágil", disse o brasileiro.A Missão de Estabilização das Nações Unidas no Haiti (Minustah) responde atualmente por cerca de 7% do contingente total de capacetes-azuis distribuídos pelo mundo em 19 missões de paz autorizadas pelo Conselho de Segurança da ONU. O custo de sua manutenção anual é de cerca de US$ 500 milhões. No caso do Brasil, parte desse dinheiro das Nações Unidas reembolsa os gastos das Forças Armadas na missão de paz.