Carolina Pimentel
Repórter da Agência Brasil
Brasília - O setor sucroalcooleiro quer impulsionar o uso da cana-de-açúcar para produção de bioenergia. Para isso, são necessários preços adequados, rapidez na concessão das licenças ambientais e acesso à rede de transmissão de energia do país, afirmam representantes do setor.A questão foi discutida hoje (31), no Palácio do Planalto, em encontro do presidente Luiz Inácio Lula da Silva com representantes da União da Indústria de Cana-de-Açúcar (Unica). Na reunião, os usineiros tentaram convencer o presidente das vantagens da bioenergia de cana em relação às outras fontes de energia, como carvão e óleo combustível.“A gente tentou mostrar para o presidente que, por exemplo, fazer eletricidade a partir de carvão ou óleo combustível tem custos ambientais e variação de preço de matéria-prima altos”, disse o presidente da Unica, Marcos Jank.Segundo Jank, com a produção atual de cana, já é possível obter volume de energia semelhante ao da usina nuclear Angra 3. Ele estima que será possível, em seis anos, chegar à capacidade de uma usina hidrelétrica. “Em 2012, poderemos ter uma Itaipu no interior de São Paulo, sul de Minas, sul de Goiás e no oeste de Minas. Isso depende basicamente de preço, de licenciamento ambiental e acesso à rede”, explico. Jank lembrou que o bagaço e a palha da cana são desperdiçados e podem gerar energia em 24 meses, em especial no período em que a geração das hidrelétricas cai por causa do nível baixo dos rios.Outra adaptação necessária, conforme o usineiro, será a compra de caldeiras modernas para as indústrias do setor, que custam de R$ 20 milhões a R$ 60 milhões cada. De acordo com Jank, um grupo, formado por representantes do governo e dos produtores, discutirá formas de financiamento, preços e outros mecanismos para estimular a energia proveniente da cana. “A nossa preferência é por preços mais adequados”.Ainda segundo o presidente da Unica, outra comissão debaterá a regulação dos preços do álcool. Os produtores estimam investimentos de R$ 17 bilhões, nos próximos seis anos, para expandir a produção do combustível.