Luiza Bandeira
Da Agência Brasil
Rio de Janeiro - Dentre os 60 mil alunos que participam de projetos esportivos nas Vilas Olímpicas do município do Rio de Janeiro, 4 mil têm algum tipo de deficiência (menos de 7% do total).Atualmente, a prefeitura mantém nove Vilas Olímpicas, localizadas próximo a comunidades carentes. Em todas, há espaços adaptados para a prática do esporte por pessoas com deficiência.O diretor de Projetos Especiais para Deficientes Físicos da prefeitura, Waldênio Borges, espera que a procura dessas pessoas aumente depois dos Jogos Parapan-americanos, que começam amanhã (12) na cidade.Apesar disso, ele diz que as unidades não suportariam mais que 200 alunos com deficiência - capacidade atual de cada vila - porque o espaço é dividido com estudantes convencionais."Como é um trabalho muito especial, não podemos crescer muito rápido. Nosso crescimento é pausado e estudado, para que a gente não perca nunca a qualidade do serviço".Segundo ele, duas novas Vilas Olímpicas devem ser inauguradas até o final do ano, o que pode elevar o número de atendimentos.Nas unidades, os jovens aprendem modalidades paraolímpicas como futebol, vôlei, basquete, natação e atletismo. O esporte adaptado passou a ser praticado nas vilas em 2001, a partir de uma resolução da secretaria municipal de Esporte e Lazer. Depois desse data, todos os espaços passaram a ter profissionais responsáveis por coordenar as atividades e acompanhar o desenvolvimento desses estudantes.A aposentada Tereza Cruz, mãe de Maria Aparecida Cruz, elogia o trabalho nas vilas, mas diz que muitas pessoas não freqüentam esses espaços porque não sabem que eles existem. Moradora de Nova Iguaçu, na Baixada Fluminense, ela ficou sabendo por uma amiga que a filha poderia participar de aulas na Vila Olímpica da Gamboa, no centro do Rio."A gente vai em algumas casas e as pessoas com deficiência, crianças ou até as adultas, nem saem de casa. Eu descobri essa vila e a minha filha adora".Além da falta de informação, outra dificuldade de acesso é a precariedade do transporte coletivo, diz o presidente da Associação Nacional de Desporto para Deficientes (Ande), Ivaldo Brandão."No centro da cidade, o transporte público é mais eficiente, mas nas periferias ainda é muito precário. O ônibus não é pago, mas o transporte alternativo é".Mauro Oliveira, um dos coordenadores técnicos de esporte adaptado da prefeitura, concorda, e lembra que condições de acessibilidade são fundamentais para a inclusão dessas pessoas."O que torna a pessoa deficiente é o lugar. A partir do momento que você tem uma Vila Olímpica adaptada, com profissionais qualificados, a pessoa cria um entusiasmo para treinar e talvez até se tornar um atleta paraolímpico", destaca Oliveira, que integrou a seleção brasileira paradesportiva de natação. Na avaliação dele, o esporte melhora a condição física e psicológica de quem tem algum tipo de deficiência e contribui para a transformação de valores da sociedade."A partir do momento em que os professores e alunos convencionais começam a conviver com os deficientes, eles percebem que não precisa tratar diferente. As pessoas têm preconceito porque elas não têm informação, não sabem que um deficiente pode fazer natação, atletismo e outros esportes como qualquer um".