Movimentos sul-americanos querem participar do debate sobre criação do Banco do Sul

11/08/2007 - 11h50

Mylena Fiori
Repórter da Agência Brasil
Brasília - Os movimentos sociais sul-americanosquerem participar das discussões sobre a criaçãodo Banco do Sul para evitar que a nova instituiçãoreproduza os problemas do modelo que, décadas atrás,foi assumido pelo Banco Mundial (Bird) e outras instituiçõesfinanceiras multilaterais."Até agora não nos foidado qualquer acesso às discussões sobre a constituiçãodo Bando do Sul. Isso é um péssimo começo,porque evidencia que transparência e participaçãonão são os pilares que orientam a criaçãodessa instituição", diz o pesquisador CarlosTautz, do Instituto Brasileiro de Análises Sociais eEconômicas (Ibase)."Demandamos aos governosparticipação no debate sobre a constituiçãodeste banco e participação ativanas decisões que serão tomadas por banco", resumea argentina Beverly Keene, do Jubileu Sul nas Américas. O tema entrou em pauta na 7ªAssembléia Nacional da Rede Brasil sobre InstituiçõesFinanceiras Internacionais, realizada esta semana, em Brasília,com a presença de organizações parceiras de seispaíses sul-americanos. A Rede Brasil reúne mais de 80movimentos sociais, entidades sindicais, institutos de pesquisa eassessoria, associações profissionais e Organizações Não-governamentais (ONGs)."Osrecursos são públicos, é nosso dinheiro, e odesenvolvimento que se pretende é o nosso desenvolvimento.Então, os povos, as organizações populares e osmovimentos sociais  têm que ter participaçãonas decisões do Banco do Sul e de outras instituiçõesnovas que se pode criar na região", justifica Keene. Segundo ela,  apenas o Equadorcriou uma comissão de participação social nosdebates. "Pensamosque isso deveria estar ocorrendo em todos os nossos países.No mínimo, deveria estar funcionando uma comissãopública de debate, um espaço para nos interarmos sobreo que os governos estão discutindo e propondo", diz,reiterando a necessidade de participação da sociedadecivil organizada no funcionamento da nova instituição."Os povos da América do Sul não estão maisdispostos a sentar e olhar, simplesmente, que os governos atuem.Queremos tornar a democracia participativa".Guilherme Carvalho, integrante daFASE-Amazônia e da nova diretoria da Rede Brasil, diz que osmovimentos sociais brasileiros têm solicitado aoMinistério das Relações Exteriores e do Planejamento que a sociedadecivil possa acompanhar as negociações e apresentarsugestões."É preciso fazer com que a sociedadecompreenda que é importante participar. E, a partir daí, fazer asgestões necessárias que viemos fazendo. Mas é umprocesso paulatino".Brasil, Argentina, Uruguai, Paraguai, Venezuela, Bolívia e Equadorhaviam marcado para abril a assinatura da ata constitutiva do Bancodo Sul. A nova instituição de fomento da América do Sul seria instituídadurante a Cúpula de Chefes de Estado do Mercosul, nos dias 28 e 29 dejunho, em Assunção, no Paraguai. Mas foi adiada para até o final do ano.