Marcos Chagas
Repórter da Agência Brasil
Brasília - O Brasil é um país que incentiva pouco o esporte, apesar das 161 medalhas conquistadas nos Jogos Pan-Americanos do Rio de Janeiro, sendo 54 de ouro. A observação é unânime entre os atletas e autoridades desportivas que estiveram hoje (3) no Palácio do Planalto, para participar da solenidade de assinatura da regulamentação da Lei de Incentivo ao Esporte.O próprio presidente Luiz Inácio Lula da Silva reconheceu a falta de investimentos no setor, mesmo ressaltando o aumento dos recursos governamentais repassados ao esporte brasileiro. "O Estado brasileiro, a começar do governo federal, governos estaduais e prefeituras, nunca colocamos o esporte como política pública de Estado. A gente fica a mercê dos heróis que surgem do anonimato". Lula assumiu compromissos junto aos representantes do setor e desportistas. De atuar como um "caixeiro viajante" para buscar apoio de outros chefes de Estado ao pleito brasileiro de sediar as Olimpíadas de 2016. E o de garantir mais recursos, tanto de estatais como de empresas privadas para o treinamento dos atletas que irão participar dos Jogos Olímpicos de Pequim, em 2008. O tetracampeão mundial de boxe Arcelino Popó de Freitas, reclamou que empresários, e até estatais, “não gostam de vincular suas marcas a atletas de modalidades que não trazem retorno financeiro”.O desportista afirmou que investimentos em educação e esporte são retornos garantidos para "dar dignidade e possibilidade de um futuro melhor às crianças que não têm oportunidade de melhorar de vida".Ele disse que por enquanto o país ainda vive um momento de comemoração do resultado da delegação brasileira no Pan-Americano. "O Pan só tem uma semana que terminou, ainda está quente. Vamos ver daqui a umas três semanas se isso vai ficar no cala a boca, se vão ficar só de promessa. Acho que deu para perceber que o esporte, como instrumento de inclusão social, funciona", afirmou.O presidente do Comitê Olímpico Brasileiro (COB), Carlos Arthur Nuzman, aproveitou a cerimônia para pedir ao governo federal que mantenha e aumente os investimentos no setor. "Estas condições são vitais para que tenhamos bons resultados nas Olimpíadas de Pequim [em 2008]", defendeu.Nuzman agradeceu ao governo federal os investimentos realizados para viabilizar as obras de infra-estrutura do Pan-Americano no Rio de Janeiro, bem como os recursos repassados às confederações desportivas para investimentos nos atletas. O presidente do COB lembrou uma recomendação do presidente Luiz Inácio Lula da Silva ao garantir os recursos para a realização do Pan: que não houvesse qualquer falha, e que tudo fosse feito com o objetivo de dar um exemplo ao mundo de que o Brasil está preparado para sediar jogos deste porte.