Unicef diz que amamentação após o parto ajuda a reduzir mortalidade infantil

01/08/2007 - 7h02

Irene Lôbo
Repórter da Agência Brasil
Brasília - Amamentar os bebês imediatamente após o parto pode reduzir a mortalidade neonatal, que acomete crianças até o 28º dia de vida, informa o Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef). No Brasil, há 18,3 mortes neonatais para cada mil nascidos vivos. A mortalidade infantil até um ano de idade é ainda maior: 25,8 crianças para cada mil. Há ainda a mortalidade materna, que acomete 74,5 mulheres a cada 100 mil nascimentos. De acordo com a coordenadora do Programa de Desenvolvimento Infantil do Unicef, Jane Andrade, aproximadamente 60% dos óbitos neonatais podem ser evitados com a amamentação. "As vantagens do aleitamento materno são absolutamente inegáveis". Jane lembra que a amamentação é uma solução para as famílias de baixa renda, que não podem dispor de parte de seu salário para comprar leite em pó para os filhos.

A redução da mortalidade de mães e bebês pode ser explicada pela quantidade de nutrientes fundamentais e anticorpos que o leite materno transmite aos recém-nascidos. A médica Graciete Vieira, presidente do Departamento de Aleitamento Materno da Sociedade Brasileira de Pediatria, afirma que em torno de 10,9 milhões de crianças menores de cinco anos morrem anualmente em todo o mundo, sendo que 4 milhões dessas mortes ocorrem até o primeiro mês de vida.

"Se todas as mães colocassem o bebê no peito ainda na sala de parto, 1 milhão dessas mortes poderia ser evitada". Outra vantagem apontada na amamentação assim que o bebê nasce é o estabelecimento do vínculo afetivo entre mãe e filho. “Seria um modo mais saudável, tranqüilo e seguro de fazer a transição do útero para o mundo”, diz a médica. No caso da mãe, ela explica que há a liberação do hormônio ocitocina, que ajuda no descolamento da placenta, na diminuição das contrações uterinas e no risco de hemorragia.

Além dos benefícios físicos, pesquisas mostram que bebês que mamam no peito são mais calmos e aprendem a lidar melhor com as pressões do que bebês alimentados com mamadeira. O estudo foi publicado no periódico Arquivos de Doenças na Infância, que analisou dados sobre 9 mil crianças da Grã-Bretanha nos anos 70.

Com base em informações colhidas sobre o nascimento de crianças e as condições de saúde nos cinco e nos 10 anos de idade, a pesquisa descobriu que as que haviam sido amamentadas tiveram sete vezes menos ansiedade em situações como o divórcio dos pais do que crianças alimentadas com mamadeira.

No Brasil, o Unicef desenvolve o programa Família Brasileira Fortalecida, que utiliza agentes comunitários de saúde para incentivar o aleitamento materno exclusivo e apoiar mães e famílias no cuidado com os bebês. Outra iniciativa do organismo internacional é o Hospital Amigo da Criança, um selo criado em 1990 e concedido em parceria com o Ministério da Saúde para estabelecimentos que adotem condutas e rotinas que evitem o desmame precoce. No Brasil existem 328 hospitais amigos da Criança.

O Unicef estima que o aleitamento materno até o sexto mês de vida evita 1,3 milhão de mortes anuais de crianças com menos de cinco anos em todo o mundo. Dados da Aliança Mundial para Ação em Aleitamento Materno (Waba) mostram que 1 milhão de mortes de recém-nascidos podem ser evitadas pela amamentação na primeira hora do nascimento.