Irene Lôbo
Repórter da Agência Brasil
Brasília - O Brasil tem a maior rede de bancos de leite materno do mundo, com 177 unidades em todo o país, segundo dados do Ministério da Saúde. Essa é uma das alternativas para as mães que não podem amamentar seus filhos, as que não têm leite, ou ainda, as que precisam de cuidados especiais na amamentação.
A enfermeira Soyama Brasileiro, coordenadora dos bancos de leite e promoção da amamentação no Distrito Federal, afirma que até 2002 um hospital de Brasília foi o maior coletor do país e do mundo de leite materno, com o recolhimento de 400 litros por mês. Atualmente, são coletados na rede pública do Distrito Federal 19 mil litros de leite por ano, que alimentam cerca de 18 mil crianças.
Pode ser doadora toda mulher saudável, que tenha excesso de leite. Mães que estejam tomando medicações controladas ou tenham alguma doença grave não podem ser doadoras. Soyama lembra que as mães que queiram fazer a doação devem ligar lpara o banco de leite mais próximo de sua residência. A própria unidade providencia a busca do material.
Segundo ela, o tema da Semana Mundial de Aleitamento Materno de 2007, que defende a amamentação logo após o parto, é o quarto passo dos dez estabelecidos pelo Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) para uma experiência bem-sucedida. “Ele deve ser colocado para mamar assim que nascer e quanto maior esse contato, mais rápido sairá a placenta da mãe, haverá menos riscos de hemorragia, as primeiras fezes do bebê também sairão em maior quantidade, prevenindo a icterícia, e o vínculo entre mãe e filho será marcado para sempre”, afirma.
Soyama explica que o primeiro leite da mãe é o colostro. O líquido, que é amarelo, transparente, levemente salgado e com aparência de aguado, é na verdade uma parte importantíssima da amamentação. Ele é liberado até o sétimo dia após o parto. “O colostro é o leite mais risco em imunoglobulinas, ou seja, vem com uma carga imunológica altíssima e protege o bebê de todas as bactérias invasivas”.
Segundo a coordenadora, a prioridade dos bancos de leite é para os bebês que estão em unidades de tratamento intensivo neonatais, ou seja, bebês prematuros e que tenham intolerância a outros leites. Mas também podem ser procurados quando as mães acharem que estão com pouco leite, quando o bebê chora muito durante a mamada ou quando há alguma dificuldade em relação às mamas. “Nesse momento de dificuldade é importante que elas procurem ajuda e procurem o banco de leite”, diz.
Antes de ser doado ao bebê, o leite é analisado e pasteurizado, um processo que dura 48 horas até a sua liberação. “Ele passa por um processamento, em que 100% das bactérias são eliminadas, bem como qualquer tipo de microorganismo".
Atualmente, o Brasil é referência para toda a América Latina e Caribe no projeto Bancos de Leite Humano. A coordenadora do Programa de Desenvolvimento Infantil do Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef), Jane Andrade, diz que a instituição apóia o Brasil a assumir essa liderança além de seu território. “As metodologias e tecnologias que essa experiência brasileira evidencia são exemplares”.