Alex Rodrigues
Repórter da Agência Brasil
Brasília - A extensão, considerada pequena, da pista principal do Aeroporto Internacional de Congonhas, na zona sul de São Paulo, e a falta de áreas de parada que permitam a um avião de grande porte reduzir a velocidade antes de parar completamente, podem ter causado o acidente com o Airbus 320 que fazia o vôo JJ 3054 da TAM. A opinião é do presidente da Sociedade Brasileira de Pesquisa em Transporte Aéreo (SBTA), Anderson Correia. Segundo ele, a má aderência da pista sempre preocupou os pilotos, principalmente em dias de chuva. "Esse aeroporto, como todos sabem, tem uma certa limitação, tanto no tamanho quanto na qualidade da pista. A princípio, a gente pode afirmar que essa pode ter sido a principal causa do acidente”, afirmou Correia. “Um avião como o Airbus 320, ao pousar, pode não ter o espaço necessário para frear”, acrescentou. Segundo o site da Infraero na internet, a pista tem 1.940 metros de extensão e 45 metros de largura.
Mesmo ressaltando que outros fatores podem ter contribuído para o acidente, Correia destacou que Congonhas já não comporta os aviões utilizados hoje. Ele informou ter conversado, horas antes do acidente, com uma professora do Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA) sobre a possibilidade de um avião cair na Avenida Washington Luiz, caso a área de parada para aviões não fosse ampliada.
“Pelas novas certificações internacionais, novos aeroportos não podem ser construídos sem essa zona de parada no final”, disse. Segundo Correia, essa área seria, no mínimo, insuficiente: “Não vou afirmar categoricamente que não exista uma área de parada livre de obstáculos, mas se eu calcular o comprimento de pista necessário para um Airbus 320, provavelmente não haverá uma área disponível de parada mínima”. Correia defendeu que as autoridades do setor aéreo revejam todos os aeroportos do país que não dispõem desse espaço.
Outro problema citado pelo especialista seria a falta de aderência da pista, agravada pela chuva de ontem (17). “Alguns pilotos comentavam que a pista não tinha o grooving [ranhuras para escoamento da água]. De qualquer forma, não dá para afirmar ainda que as ranhuras seriam capazes de aumentar o atrito e impedir o acidente. Mas os pilotos têm feito essa reclamação”.