“O Pan não deve alienar nossas mentes”, diz jovem-repórter do projeto PapoPan

13/07/2007 - 18h07

José Carlos Mattedi
Repórter da Agência Brasil
Brasília - Um gravador e uma idéia na cabeça. Com essas ferramentas, a estudante Ana Carla Souza da Costa pretende fazer um contra-ponto à cobertura jornalística tradicional dos jogos Pan-Americanos: “Tem os benefícios e os malefícios. Além do belo e do bonito, estamos vendo as forças armadas entrando nas nossas comunidades. E eu moro lá, e isso prejudica o nosso convívio social. É muito ruim”, diz. “Quero focar isso. Mostrar, com olhar crítico, que o Pan não deve alienar nossas mentes”.A estudante, 19 anos, estudante e moradora da região da Cidade de Deus, uma das áreas mais violentas da capital carioca. que mora com a mãe, uma tia e três primos, participa do Projeto PapoPan, onde 50 jovens de comunidades carentes da cidade do Rio de Janeiro (RJ), entre 16 e 22 anos, vão divulgar o evento com um olhar diferenciado. Com gravadores, câmeras fotográficas e de vídeo, blocos de notas, eles vão percorrer os locais de competição em busca de histórias.“O nosso quadro social tem diversas cores, e vamos dar pinceladas vivas, como repórteres-aprendizes críticos que convivem com uma realidade dura”, sublinha Ana Carla. Outro participante, Kleydson Alves Costa Reis, vê no Papo-Pan uma oportunidade para o futuro: “Com os jogos Pan-Americanos, veio a chance de participar do projeto. Isso vai ajudar no meu currículo, em ser alguém na vida”. Ele completa: “As autoridades deviam investir em cursos profissionalizantes para os jovens, investir no nosso futuro”.Sobre seu trabalho no Papo-Pan, Kleydson é bastante enfático: “Vou mostrar não só a violência da Cidade de Deus, mas também as ações de formação de consciência e de cidadania. Quero explorar o lado bom que a mídia não mostra. Quero mostrar coisas boas, não só as coisas do tráfico”.O nome do projeto - PapoPan - foi dado pelos próprios jovens: Projeto Autenticamente Protagonizado e Organizado por Adolescentes e Jovens Inovadores. Reúne participantes de sete comunidades da Cidade de Deus, e de seis do Complexo da Maré, regiões de favelas. É uma parceria da Revista Viração com o Observatório de Favelas do RJ, Agência Brasil e os ministérios dos Esportes, da Justiça e do Desenvolvimento Social e Combate à Fome.