Estúdio musical em Fortaleza é a primeira empresa a se beneficiar de linha especial para cultura no Nordeste

30/06/2007 - 0h57

Alessandra Bastos
Repórter da Agência Brasil
Brasília - Quem passa pela frente do número 55 datranqüila rua Jaguari, em Fortaleza (CE), pode não perceber o que se passa no estúdio musical Ararena. Há cinco anos, os produtores Amaro Penna e Humberto Pinho resolveram se fixar por ali, depois de 20 anos de estrada, produzindo shows, gravações de CDs e, para complementar a renda, jingles publicitários e material para campanhas políticas. O cantor cearense Fagner já gravoudois discos por lá e acabou se tornando o terceiro sócio doestúdio.Esta semana, o estúdio Ararena se tornou a primeira empresa cultural a aderir ao programa Cresce NordesteCultura, lançado pelo Ministério da Cultura e oBanco do Nordeste (BNB). “Pedirammuita coisa, muitos documentos. Inclusive, a minha certidão de divórcio, que eutive que ir atrás porque não tinha. Mas deu certo, a gente conseguiu tudo e vaiajudar bastante”, contaAmaro Penna.O programa oferece linhas de crédito e microcrédito para empresas culturais da região com recursos do FundoConstitucional de Financiamento do Nordeste (FNE), formado por percentuais sobre oImposto de Renda.“Nãotem teto e não problema de disponibilidade de recursos. A demanda serátotalmente atendida”, garante o gerente de Gestão da Cultura do Banco doNordeste, Henilton Menezes. Ele explica que o prazo para pagamento é de até 12anos, sendo os quatro iniciais de carência.Ataxa de juros é anual e diferenciada para as microempresas (7,25%), pequenas(8,25%), médias (10%) e grandes empresas (11,5%). Podem adquirir empréstimosprodutoras, distribuidoras, editoras, lojas varejistas, fabricantes deinstrumentos musicais, escolas culturais e projetos de construção de museus, bibliotecasou casas de espetáculo, por exemplo.Aempresa precisa estar instalada no Nordeste e trazer benefícios para a região.Quem pagar as prestações em dia tem 25% de abatimento nos juros e, se a empresase localizar na região do semi-árido nordestino, o abatimento é de 50%.Osagentes culturais, como pessoas físicas, terão acesso a pequenos empréstimos de atéR$ 10 mil, por meio de outra linha também lançada nesta semana, a CrediAmigoCultural. A linha tem como objetivo atingir a produção cultural informal.  “Basta comprovar atividade cultural, podeser um trabalhador informal”, explica o gerente do BNB.OsR$ 30 mil conseguidos por empréstimo no Cresce Nordeste Cultura vão servir para a montagemda segunda sala de gravação do estúdio Ararena. “Uma sala só é complicado, porque às vezes você temoutros trabalhos para fazer e não pode porque está ocupado. Tem que mixar umdisco e, ao mesmo tempo, fazer uma gravação urgente... Agora vai ser bacanaporque vai dar para fazer dois trabalhos ao mesmo tempo”, planeja Penna.Abanda Aviões do Forró está finalizando as gravações do novo CD no Ararena e pode ser aprimeira a utilizar a nova sala, que deve estar pronta em um mês. “A partefísica já está pronta, mas tínhamos a carência do equipamento”, explica. O projeto de Penna agora édesenvolver um selo, para lançar ele mesmo os CDs de artistas locais. Por enquanto, é só um sonho: “É meio tímido ainda, porque requer investimentomuito grande e a gente nem sempre tem capital. Mas, em toda a oportunidade quetemos, vamos investindo um pouco”, conta o empresário.