Ana Luiza Zenker
Da Agência Brasil
Brasília - Para o secretário nacional Anti-drogas, Paulo Roberto Uchôa, os dados do Relatório Mundial de Drogas 2007, do Escritório das Nações Unidas contra Drogas e Crimes (Unodc), não são surpresa. Segundo ele, apesar do aumento no consumo de entorpecentes no Brasil, o país continua abaixo da média mundial. “Nós não estamos diferentes do restante do mundo”.O documento, divulgado hoje (26), diz que o consumo de maconha e haxixe entre brasileiros com 15 a 64 anos de idade aumentou de 1% em 2001 para 2,6% em 2005. A porcentagem da população que usa cocaína cresceu de 0,4% para 0,7%, no mesmo período.De acordo com o secretário, a política para drogas que vigorava em 2001 pode explicar a diferença entre os percentuais de consumo naquele ano e em 2005. “Possivelmente, algumas pessoas contactadas podem até ter tido receio de dizer que usavam, porque naquela época [2001] a punição e a política nacional não definiam muito a separação entre o usuário e o traficante. Desde 2004, com o realinhamento da política nacional sobre drogas, está definido que o dependente de drogas é um doente e não um criminoso. Com isso, parece que melhorou a disposição de relatar o uso da droga”.Para Uchôa, o Brasil tem uma "política moderna" para a questão das drogas. Ele explica que o governo tem atuado em duas frentes: a repressão ao tráfico e ao comércio de drogas, com ação da polícia; e a redução da demanda por entorpecentes, que envolve toda a sociedade. “A sociedade não tem o que fazer na área da repressão, a repressão é dos órgãos policiais. Mas a sociedade tem muito a fazer na área da redução da demanda, desde que o governo proporcione condições para isso”.Ele acrescenta que educação, formação e preparação dos jovens para dizer não à droga são alguns pontos em que a sociedade deve ajudar a diminuir a procura por drogas. “Quando se combate o tráfico, a droga já agiu. Até mesmo no tratamento do dependente se está trabalhando depois de a droga agir”, afirmou, ao acrescentar que o ideal é prevenir o consumo.O representante do Escritório das Nações Unidas contra Drogas e Crimes no Brasil e Cone Sul, Giovanni Quaglia, diz que para acabar com o consumo de drogas é preciso aliar políticas sociais, repressão ao tráfico e prevenção. “Isso não é só uma responsabilidade do governo. É uma responsabilidade da sociedade civil, das famílias. É fazer um trabalho sério no campo da prevenção. Essa é a solução a médio e longo prazo, mesmo que seja complicado”.No mundo, são 200 milhões de consumidores de todos os tipos de drogas, o que representa 4,8% da população com idade entre 15 e 64 anos. A cannabis (erva e resina), droga mais consumida no mundo, é usada por 158,8 milhões de pessoas. As drogas sintéticas, como anfetaminas e ecstasy, são consumidas por 24,9 milhões, 15,6 milhões usam opiáceos e 14,3 milhões cocaína.