Só reunião de chefes de Estado pode retomar negociações da OMC, diz Lula a Blair

22/06/2007 - 17h55

Ana Paula Marra
Repórter da Agência Brasil
Brasília - Com o esgotamento das negociações técnicas na Organização Mundial do Comércio (OMC), só uma decisão política de chefes-de-Estado poderia salvar a Rodada Doha, avalia o presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva. A afirmação foi feita ao primeiro-ministro britânico, Tony Blair, em conversa telefônica hoje (22), segundo o porta-voz da Presidência da República, Marcelo Baumbach.O porta-voz afirma que Lula recebeu um telefonema de Blair hoje para tratar sobre a decisão dos governos de Brasil e Índia de abandonar a Rodada Doha, série de negociações para reduzir tarifas comerciais entre países que acontece dentro do âmbito da Organização Mundial do Comércio (OMC). Blair teria dito "ter estado sempre ao lado do Brasil nas negociações". Mas defendeu que, para que as negociações fossem retomadas, os países chamados de “emergentes” aceitassem uma redução maior da tarifa de importação sobre produtos industrializados dos países ricos.O presidente Lula, segundo seu porta-voz, destacou que Europa e Estados Unidos assumem posição dura no momento. Ele observou que os países desenvolvidos  "buscaram acomodar seus próprios interesses defensivos em agricultura e ao mesmo tempo pediram contribuição desproporcional dos países em desenvolvimento no que diz respeito aos bens industriais". Para Lula, foi desconsiderado o principio central da Rodada, de que é uma rodada de desenvolvimento.Segundo Marcelo Baumbach, o presidente Lula, antes de finalizar o telefonema, destacou a Blair que o Brasil não abandonará os esforços de finalizar a Rodada Doha e que continuará contribuindo para os trabalhos com os demais membros da OMC. Lula também declarou-se disposto a reunir com outros chefes de governo na busca de uma solução política para o impasse."A disposição do presidente para o dialogo é total, mas as propostas dos países desenvolvidos terão de ser melhoradas e suas expectativas ajustadas. A esse respeito, comentou que um índice de 20 para redução tarifária, mencionada por Blair, seria demasiado ambicioso, e o Brasil preferia discutir algo em torno de 30", acrescentou o porta-voz.