Técnico da Secretaria de Aqüicultura defende nova política para produção de camarão cultivado

01/06/2007 - 15h04

Marcia Wonghon
Repórter da Agência Brasil
Recife - O coordenador de Maricultura (produção em cativeiro de crustáceos, principalmente camarão, e de moluscos, ostras e mexilhões), da Secretariaespecial de Aqüicultura e Pesca, Felipe Matarazzo Suplicy, defendeu hoje (1º) uma nova política de governo paraimpulsionar o desenvolvimento sustentável da criação de camarão, principalmente no Nordeste.

O coordenador participou da abertura do 1º Seminário de ProduçãoIntegrada do Camarão Cultivado, que reuniu produtores,empresários, pesquisadores e representantes de instituições para debatertemas como segurança alimentar e normatização das etapas de produção,embalagem, armazenagem e comercialização do produto. Durante oevento foi instalado o Grupo Gestor  para elaborar normas para compor o processode certificação da carcinicultura (produção de camarões em cativeiro) sustentável.

Suplicy disse que é preciso realizar o zoneamento de áreas propíciasao cultivo do crustáceo, melhorar o treinamento de produtores em boas práticasde manejo e regularizar a certificação dos carcinicultores envolvidos naatividade. “A política de governo será baseada nos princípios internacionais dacarcinicultura responsável, contidos numa publicação elaborada por um consórciomundial, coordenado pela Organização das Nações Unidas para Agricultura eAlimentação (FAO), com participação do Banco Mundial, Programa das Nações UnidasPara o Meio Ambiente e outras instituições parceiras”, explicou.

Ele reconheceu que a valorização do real frente ao dólar tem prejudicadoas atividades de exportação do camarão. E admitiu que o setor precisa decrédito para agregar maior valor ao produto e ampliar  a aceitação nos mercados nacional einternacional.

Segundo o presidente da Associação Brasileira de Criadores de Camarão(ABCC), Itamar Rocha, devido a perda de competitividade do produto, verificada nomercado externo, o setor, que empregava 55 mil trabalhadores, em 2003, precisoudemitir 50% de seu pessoal. “Se não fosse encontrada uma alternativa no sentidode  fortalecer a atividade não sabemos oque poderia acontecer. A produção nacional de camarão caiu de 60 mil toneladasem 2003 para 33 mil toneladas em 2006”, informou.

Rocha disse que além de enfrentar aconcorrência com o crustáceo cultivado nos países da Ásia, que têm um sistemamais elaborado, os mil criadores de camarão do Brasil tiveram, nos últimos doisanos, uma redução de 40% na receita resultante da comercialização do produto noexterior devido à desvalorização cambial e ao aumento de custos com mão deobra e logística. A saída para superação da crise, segundo o produtor, é produzir umcamarão diferenciado, com qualidade, sanidade, responsabilidade e compromissosocial, que tenha um selo de certificação.