Para embaixador, Índia de hoje é a China de 15 anos atrás

31/05/2007 - 13h19

Mylena Fiori
Enviada especial
Nova Delhi (Índia) - A Índia de hoje oferece asmesmas oportunidades de negócios que a China há 15anos, com vantagens adicionais. Quem assegura é o embaixador do Brasil em Nova Delhi,José Vicente de Sá Pimentel. “Há uma parteconsiderável do empresariado brasileiro que se ressente de nãoter investido mais na China há 15 anos. A Índia de hojeé a China de 15 anos atrás”, afirma.A segurançajurídica e o fato de a Índia ser umademocracia são vantagens sobre a China do início dos anos 90, acredita oembaixador. “Isso dá alguma garantia de que o que fortratado hoje continuará valendo daqui a cinco anos, coisa quenão se tinha na China”. Ele também cita a existênciade empresas indianas dispostas a fazer negócio e a facilidade de comunicação – o inglês é uma das línguas oficiais da Índia.Pimentel critica oceticismo de alguns setores quanto à intensificaçãodas relações comerciais entre Brasil e Índia, umavez que os dois países são potenciais competidores emterceiros mercados. “Se a comunidade de negócios do Brasilse interessar por fazer negócios apenas com aqueles paísesque não têm capacidade de rivalizar conosco, vamos fazer muito pouco comércio”, afirma. “Vamos ter queencontrar, de alguma maneira, meios e modos de competir em mercadoscomo o indiano e nós temos todas as credenciais para isso”, avalia.Oportunidades denegócios, segundo o embaixador, não faltam. “Vocêolha em volta deste país, que está crescendo a taxas de7% ao ano e é um grande canteiro de obras. Tudo estápor fazer”. Como exemplo, ele cita a fragilidade dainfra-estrutura em setores como a energia. Quedas de luz sãocomuns mesmo na capital e quem pode tem gerador em casa.Pimentel prefere não antecipar se será firmado algum acordo deincentivo às relações comerciais durante avisita do presidente Luiz Inácio Lula da Silva à Ìndia,de 3 a 5 de junho próximos, pois os documentos ainda estão sendoajustados. Mas avisa: “Todos os acordos são tendentes afacilitar as regras do jogo, mas não tem acordo nenhum que váassegurar negócio se as pessoas não vierem aqui etentarem colocar seus produtos e suas tecnologias nesse mercado. O governo pode criar um cenário que facilite, mas nãopode fazer negócios”.