Mylena Fiori
Enviada especial
Nova Delhi (Índia) - As perspectivas deintensificação das relações comerciaiscom a Índia entusiasmam os empresários brasileiros, que apostamno potencial de crescimento das exportações e naspossibilidades de parcerias com empresas indianas para investimentoem setores variados. Mas eles também se queixam doprotecionismo indiano. A média das tarifas aplicadas paraentrada de produtos estrangeiros é de cerca de 30%, podendoalcançar mais de 100% em determinados segmentos.“Ospicos tarifários são muito elevados e atingem aquelesprodutos de interesse brasileiro. O etanol é um deles. Atarifa praticada no álcool etílico é de 182%”,revela Frederico Alvarez, gerente executivo de ComércioExterior da Confederação Nacional da Indústria(CNI). “Temos quetrabalhar com os governos brasileiro e indiano a possibilidade de sereduzir as tarifas”.As negociações,segundo Alvarez, poderão ocorrer a partir da instalaçãodo fórum de altos executivos dos dois países, queocorrerá durante visita de Estado do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, de 3 a 5 de junho. Aquestão tarifária, porém, deve ser tratada noâmbito do acordo de preferências firmado em 2004 entre oMercosul e a Índia e ainda não ratificado peloCongresso brasileiro.“Trabalhar o acordo no sentido deampliar o número de produtos e aumentar as preferênciasque foram negociadas é um bom caminho para a gente ampliarnossas vendas para a Índia”, avalia.Sobre as perspectivas de ampliar o comércio, o dirigente da CNI acha que “o mercado indiano e o dinamismo daeconomia indiana permitem se pensar em ampliar negócios lá”. Com esse objetivo,cerca de cem executivos embarcam para a Índia na próximasemana, para seminário de negócios simultâneo àvisita presidencial. Amissão é uma iniciativa do Ministério dasRelações Exteriores e será liderada pelaCNI.“A gente vê essa oportunidade como uma forma debuscar uma aproximação bastante forte entre os setoresempresariais dos dois países, tentando já identificarpotenciais negócios e estabelecer redes de contato para queesse intercâmbio possa, realmente, progredir”, diz Alvarez.O dirigente da CNIdestaca que a Índia é a quarta economia mundial emtermos de Produto Interno Produto (PIB) por paridade do poder decompra (que considera o real poder de compra do total de riquezas dopaís, com base na taxa de câmbio), o que permite apostarno aumento de vendas brasileiras para lá.