Érica Santana
Enviada especial
Assunção (Paraguai) - Opresidente da União Industrial do Paraguai (UIP), GustavoVolpe, espera a visita do presidente Luiz Inácio Lula da Silva aoParaguai neste domingo (20) e segunda-feira (21) represente a retomada nas negociações para diminuir as barreiras brasileiras aos produtos industrializados paraguaios. "Nós sabemos, e escutamos do presidente Lula, inclusive no mandato anterior, que ele ia colocar muito ímpeto ao tratar de ajudar uma economia pequena como a do Paraguai. Isso gerou uma expectativa muito positiva, uma esperança, mas lamentavelmente isso não aconteceu", lembrou Volpe, em entrevista à Agência Brasil. Um dos primeiros compromissos do presidente Lula no Paraguai será um encontro com empresários paraguaios e brasileiros. Volpe disse que está otimista em relação ao encontro. "Renascem as esperanças de que o presidente Lula tome consciência dessa promessa que ele fez, que realmente ajude a destravar e ajude a economia paraguaia, eliminando essas travas, que impedem o comércio de venda de produtos realmente industrializados do Paraguai", reafirmou Volpi.Volpe lamentou o fato de o Paraguai só conseguir exportar matéria-prima para o Brasil, o que, segundo ele, não influi diretamente no equilibrio comercial entre os dois países. No ano passado, o Paraguai registrou déficit de US$ 600 milhoes em relacão ao comércio com o Brasil. "Isso mostra claramente que nosso país não está tendo as mesmas oportunidadesde poder vender seus produtos a um mercado importante, como o mercado brasileiro", afirmou.De acordo com o presidente da UIP, a falta de oportunidades de vender para o Brasil ocorre principalmente por causa das barreiras brasileiras "muito bem montadas". Para ele, "são essas "travas" que impedem que os produtoscom valor agregado que saem das indústrias possam entrar [no Brasil] para que tenhamos um comércio muito mais ágil e um comércio bilateral mais equilibrado". O protecionismo brasileiro, segundo Volpe, ocorre em todos os níveis de governo. "Há que se reconhecer que o Brasil tem uma estrutura muito boa para se proteger. Essas barreiras são federais, estaduais e até municipais, o que faz com que travem a entrada dos produtos no seu mercado".Gustavo Volpe acredita que a boa vontade do governo Lula em destravar o acesso desses produtos no Brasil é barrada pela burocracia. "Devemos reconhecer, que sempre temos notado, que ele (Lula) tem boa intenção, mas muitas vezes o que o Planalto determina não é refletido na alfândega, em Foz do Iguaçu".A União Internacional Paraguia foi criada em 1936 a partir de uma exposição de 55 produtores industriais e hoje reúne associações das principais indústrias do país. A entidade é voltada para o desenvolvimento da competitividade industrial paraguaia.