Bispos devem evitar que católicos mudem de religião, diz papa

11/05/2007 - 17h27

Sabrina Craide
Repórter da Agência Brasil
Brasília - O papa Bento XVI chamou a atenção dos bispos brasileiros para que se esforcem mais para conter a migração de católicos para outras religiões. Segundo ele, a falta de evangelização faz com que, mesmo batizadas, as pessoas fiquem vulneráveis ao “proselitismo agressivo das seitas”. O papa se reuniu há pouco com os bispos do Brasil na Catedral da Sé, em São Paulo, antes de viajar para a cidade de Aparecida, no interior paulista, onde irá participar da 5ª Conferência Geral do Episcopado Latino-Americano e do Caribe.Bento XVI afirmou que é preciso encaminhar a atividade apostólica no Brasil como uma verdadeira missão, promovendo uma evangelização “metódica e capilar”. Para ele, não se deve poupar esforços na busca de católicos afastados e daqueles que pouco ou nada conhecem da vida de Jesus Cristo. “Com a multiplicação de novas denominações cristãs e, sobretudo diante de certas formas de proselitismo, freqüentemente agressivo, o empenho ecumênico torna-se uma tarefa complexa”, afirmou. Prosélito é o indivíduo que abraça religião diferente da sua.O papa disse que a Igreja enfrenta dificuldades como o ataque ao matrimônio e à família e o alastramento da “ferida” do divórcio e das uniões livres. Bento XVI também afirmou que crimes contra a vida são praticados em nome dos direitos da liberdade individual e que pressões negativas são feitas sobre os processos legislativos. O aborto é tema de ampla discussão no Brasil atualmente, lançada publicamente pelo ministro da Saúde, José Gomes Temporão.A importância do celibato entre os sacerdotes também foi reforçada pelo papa, que pediu que os bispos façam um acompanhamento espiritual assíduo junto aos jovens padres, para evitar o risco de “desvios no campo da sexualidade”. Bento XVI criticou o envolvimento de sacerdotes com questões ideológicas, políticas e partidárias, afirmando que isso faz com que a consagração a Deus perca seu significado.Os problemas sociais do Brasil também foram lembrados pelo papa, para os quais, segundo ele, devem ser buscadas soluções novas e cheias de espírito cristão. Ele destacou que os políticos e empresários brasileiros devem prever as conseqüências sociais das suas decisões, agindo pelo bem comum e não por ganâncias pessoais. Bento XVI destacou que onde não existe fé, falta o essencial para a solução dos problemas sociais e políticos.Para o sumo pontífice, os padres devem ajudar os pobres, no socorro de suas necessidades, defesa de seus direitos e promoção de uma sociedade fundamentada na justiça e na paz. “O povo pobre das periferias urbanas ou do campo precisa sentir a proximidade da Igreja”, disse o papa.