Yara Aquino e Juliana Andrade
Repórteres da Agência Brasil
Brasília - A TV pública deve se fortalecer naquilo que a TV comercial é falha. Essa é a avaliação do diretor do Instituto de Estudo de Televisão (IETV), Nelson Hoinneff. "A TV pública tem que fazer o que a TV comercial não é capaz de fazer e não o que frequentemente acontece, de ser reprodutor do que a TV comercial tem de ruim", afirmou. Ele participou do segundo dia de debates do 1º Fórum Nacional de TVs Públicas, que segue até sexta-feira (11).Para Hoinneff, a TV comercial brasileira não traduz a diversidade social brasileira, além disso, é "imitativa" na medida em que importa modelos de construção de conteúdo, "não ousa" e "rejeita o novo", o que se resulta em "deficiência artística". Ele considera ainda que esse modelo de TV sugere ao telespectador "a estreiteza do veículo", passa a ele a idéia de que televisão é exatamente o que ele está vendo e que não existe nada além disso.Construir uma TV pública de qualidade está ligada à diversificação da produção e a formação de espírito crítico nos telespectadores, segundo Hoinneff. "Ela [a TV pública] educa na medida que ensina o telespectador a ser mais crítico, a duvidar, a perceber que os horizontes são mais amplos, a ser transgressor". E completa "uma TV, a meu ver, é tanto melhor quando estimula a dúvida e o exercício da cidadania".De acordo com o presidente do instituto, a TV pública atualmente está associada à educação formal, a não competitividade, a falta de recursos, ao oficialismo e a algo enfadonho. Por outro lado, ao mesmo tempo, é  associada também à qualidade.Sobre a fusão entre a Radiobrás e a TVE para a formação de uma rede nacional de TVs públicas, proposta apresentada pelo governo, Nelson Hoinneff considera que é um "bom início" em termos de infra-estrutura, mas não o "suficiente". Para ele, a evolução do sistema coloca a necessidade de mais recursos e aprimoramento de gestão e conteúdo.O 1º Fórum Nacional de TVs Públicas acontece de 8 a 11 de maio, em Brasília. O evento reúne geradores e programadores de TV públicas, representantes das agências reguladoras do cinema e das telecomunicações, de universidades, organizações da sociedade civil e do governo federal.