Especialistas destacam possibilidades do biocombustível na Europa e Estados Unidos

09/05/2007 - 14h46

Daniel Lima
Repórter da Agência Brasil
Brasília - Especialistas ouvidos pela Subcomissão Permanente dos Biocombustíveis do Senado Federal destacaram hoje (9), ao comentar o interesse que o biocombustível desperta em todo o mundo, a segurança energética e a questão ambiental. Para eles, a diversificação da matrizenergética e as discussões sobre o aquecimento global mostram aintenção política dos Estados Unidos e dos países europeus dereduzir a dependência das importações de petróleo da Venezuela e do Oriente Médio.De acordo com os técnicos, europeus e norte-americanos estãopreocupados com a instabilidade política dessas regiões e buscam noBrasil a solução encontrada há 30 anos, quando a criação do Proalcoolpermitiu a diversificação da matriz energética do país. Segundo o diretor do Departamento de Cana-de-Açúcare Energia da Secretaria de Produção e Agroenergia do Ministério daAgricultura, Pecuária e Abastecimento, Ângelo Bressan Filho, que participou da audiência, é importante notar, nesse debate, que o Brasil levavantagem na disputa como país potencialmente exportador debiocombustível. Bressan lembrou que o país tem clima apropriadopara a produção do etanol de cana-de-açúcar, tecnologia em agriculturatropical e políticas públicas voltadas para o setor. O presidente da Fundação Centro de Estudos doComércio Exterior (Funcex), Roberto Giannetti da Fonseca, destacou queas reservas de petróleo estão diminuindo, e o etanol será a grandealternativa para a gasolina. Ele ressaltou, entretanto, que a discussão tem necessariamente de passar pelo acesso do Brasil aos mercados consumidores e oela eficiênciana logística. Giannetti lembrou que o mercado que mais cresce é onorte-americano, com a produção do etanol de milho, que não é atrativo."Esse produto tem um inconveniente, porque na produção gasta muito óleo derivado do petróleo e gás, além de ser subsidiado pelo governo", afirmou. Ele propôs a adoção, inicialmente, de umregime de cotas entre os dois mercados para evitar a desestruturação das produções locais. "O cálculo levaria em consideração 15% do consumoamericano do ano anterior, suficiente para exportamos 3 bilhões delitros de álcool excedentes". Na opinião de Giannetti, o mercado de etanol deveser livre das intervenções governamentais. O gerente de Comércio de Álcool e Oxigenados da Petrobras, Silas Oliva Filho, destacou que o mercado do biocombustível é sensível etem "alavancado" as economias do Primeiro Mundo, principalmente aamericana e a européia, porque gera também empregos num mercadodiferenciadoSilas Oliva lembrou, no entanto, que o volume ainda émuito pequeno e representa menos de 4% da demanda mundial nosetor de transportes. Ele destacou que, mbora haja grandeempenho na mudança da matriz energética, a gasolina, no mercadoamericano, e o diesel, no mercado europeu, ainda têm granderepresentatividade no consumo de combustíveis fósseis.

O representante da Petrobras mostrou-se otimista com as chances para o Brasil no futuro e projetou  para 2012 uma forte presença nobiocombustível no mundo, com 5% a 6% do mercado planetário detransportes. Para 2020, a demanda chegaria a 40%, acrescentou.