Sabrina Craide
Repórter da Agência Brasil
Brasília - Após a morte de João Paulo II, em abril de 2005, o Vaticano anunciou o nome do cardeal Joseph Ratzinger para comandar os trabalhos da Igreja Católica no mundo. De acordo com o teólogo da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo Fernando Altemeyer Junior, esta foi uma das eleições de conclave mais rápidas da modernidade, e Ratzinger recebeu o voto de mais de 100 membros do colégio de cardeais. “O nome dele era um consenso porque os cardeais acreditaram que ele era o que a igreja precisava para este momento”, afirma.

O teólogo conta que, por um lado, o papa Bento XVI pode ser considerado conservador, por questionar alguns caminhos da modernidade. “Em outro sentido, ele é extremamente progressista porque dialoga com as principais correntes de pensamento moderno”, afirma Altemeyer.

O nome Bento XVI foi escolhido por Ratzinger para exercer seu papado em homenagem ao papa Bento XV e a São Bento. Segundo Altemeyer, o pai de Joseph Ratzinger era admirador de Bento XV (Giácomo della Chiesa), por sua postura pacifista durante a 1ª Guerra Mundial. Além disso, Ratzinger sempre foi conectado com a espiritualidade dos beneditinos, pois na região da Bavária, onde ele nasceu, há alguns monastérios ligados aos grupos beneditinos.

A influência de São Bento é motivada pela intenção de Ratzinger em recuperar as raízes católicas no continente europeu, já que o santo era considerado como o “pai da Europa”. “O papa quer ser como São Bento, alguém que retome os grandes valores da Europa, para que ela não se torne um continente secular, mas que mantenha a tradição cristã na base da sua cultura, do seu pensamento”, explica o teólogo.

Fernando Altemeyer explica que além de ser o líder dos católicos no mundo, o papa tem a função de ser o bispo de Roma, ou seja, cuidar dos 3 milhões de católicos da capital da Itália. Além disso, ele acompanha o trabalho do governo do estado do Vaticano, que é autônomo e tem contatos com todas as nações do mundo.