Ibama realiza operação contra comércio de objetos feitos com partes de animais silvestres

25/04/2007 - 13h52

Vitor Abdala
Repórter da Agência Brasil
Rio de Janeiro - O Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis (Ibama) desencadeou hoje (25) uma operação, em 26 unidades da federação, para reprimir o comércio de objetos que utilizam irregularmente penas, dentes e outras partes de animais silvestres. A ação, chamada de Moda Triste, busca multar comerciantes que vendem essas peças e apreender produtos, geralmente vendidos como artesanatos regionais.No Rio de Janeiro, a operação foi antecipada e começou ontem (24). Já no primeiro dia de trabalho, foram apreendidos colares, brincos e pulseiras feitos a base de penas de aves silvestres e colares de dentes de macacos no Hotel Copacabana Palace. No Museu do Índio, o Ibama encontrou instrumentos, flechas e canetas com penas.Na manhã de hoje, 21 fiscais vistoriaram outros hotéis da zona sul, lojas dos dois aeroportos cariocas e um mercado popular da zona norte. Neste último, foram encontradas mais de 150 estrelas-do-mar mortas, em cinco lojas de artigos religiosos. Os animais são usados como oferendas em rituais das religiões afro-brasileiras.Segundo a chefe de fiscalização do Ibama no Rio de Janeiro, Maria Lea Xavier, a multa é de R$ 500 para cada espécie animal utilizado na confecção do artefato. Em uma das lojas, por exemplo, foram encontradas 118 estrelas-do-mar, o que resultará em uma multa de cerca de R$ 60 mil. Os proprietários das lojas terão 20 dias para se defender e comprovar que os animais não são do Brasil.“A gente está chamando isso de ‘moda triste’, que é usar os animais como moda, como enfeite para ornamentação de casa e até de pessoas, vitimando espécies da fauna silvestre. Essa operação é uma forma de divulgar ao público a forma indevida como o cidadão usa os animais e até a crueldade que é arrancar as penas [de um animal] para fazer adorno para si próprio”, afirmou Xavier.A proprietária de uma loja onde foram encontradas 13 estrelas-do-mar Teresa Santos disse que sabia que era ilegal comercializar os animais, mas afirmou desconhecer o valor da multa. Segundo ela, sua loja vende cada unidade por R$ 5.Segundo a assessoria de imprensa do Ibama, o único estado onde a operação não foi realizada é o Rio Grande do Sul. O artigo 29 da Lei dos Crimes Ambientais (Lei 9.605/98) proíbe “matar, caçar, apanhar e utilizar animais da fauna silvestre sem a devida permissão ou licença”. As penas para esse tipo de crime são a multa e a prisão por seis meses a um ano.