Entrevista 3 – Chile está se tornando um grande país de serviços, afirma embaixador

25/04/2007 - 13h58

Mylena Fiori
Enviada especial
Santiago (Chile) - Na última parte da entrevista, o embaixadorbrasileiro no Chile, Mário Vilalva, fala das característicasdo país vizinho e destaca a importância do paíspara possibilitar a ligação do Brasil com o Pacífico.Para ele, isso depende de um compromisso explícito de todos osgovernos envolvidos.ABR: Durantea visita do presidente Lula a Santiago, Brasil e Chile devem tratarda ligação interoceânica entre os portos doAtlântico e do Pacífico. É uma obra fundamentalpara a integração regional?Vilalva: O Chile, pelas suascaracterísticas, está se tornando um país-ponte,um grande país de serviços, que é a vocaçãodele. No Sul do Brasil, Norte da Argentina e na parte central doChile se tem a região mais rica da América do Sul e setem uma malha ferroviária, mas é preciso modernizar eexpandir essa malha, inclusive em parceria com os chineses. Esse foium dos assuntos tratados pelo presidente Lula na China em 2004 e oschineses disseram que estão dispostos a botar dinheiro nisso.ABR: Issodepende de quê?Vilalva: Primeiro, depende de umcompromisso explícito de todos os governos envolvidos,federais e subregionais. Há as empresas que têm aconcessão de trechos ferroviários, outros [trechos]que são operados pelo governo. Há um conjunto de atoresmuito grande. O desafio talvez seja colocar todo mundo junto e, quemsabe, fazer um tratado supranacional para evitar humores de últimomomento, de modo que essas vias sejas abertas permanentemente. Ëpreciso integrar essa região e unir os dois oceanos. Aí,tenho a impressão de que a região vai dar um saltoeconômico extraordinário. Ë preciso dar umaacelerada nos projetos da IIRSA [Iniciativa para a Integraçãoda Infra-estrutura Regional Sul-Americana], sobretudo noscorredores do Sul, na medida em que eles existem. O que precisa,imediatamente, é a modernização. Depois vocêexpande, vai sofisticando, melhora.ABR: Nocaso dos projetos da IIRSA, a falta de financiamento ainda é omaior obstáculo…Vilalva: Os chineses estão prontos afinanciar. Nós é que precisamos, internamente, nosorganizarmos melhor, declarar isso uma prioridade pública etrazer os chineses.ABR: Acriação de um banco regional de fomento, como o Bancodo Sul, impulsionaria a integração físicasul-americana?Vilalva: Pessoalmente, não acreditona criação de mais instituições. Se tem aCAF [Corporação Andina de Fomento] que éum banco muito bem organizado.ABR: Maso fundo da CAF não é grande…Vilalva: Por que não se expande? Emvez de criar outro, injeta capital na CAF, joga mais títulosno mercado e capitaliza a CAF, também tem o Funplata, o BID[Banco Interamericano de Desenvolvimento]… Se juntar oBrasil e o México acho que somos os maiores acionistas do BIDABR: Masnão temos influência nas decisões do BID…Vilalva: A gente só não temporque não quer. Se a gente resolver ter uma políticamais ofensiva no BID, é evidente que temos influência.Cada país tem um diretor no BID então, nas reuniõesdo conselho vamos propor modificações nas operaçõesdo BID. É perfeitamente possível vocêredirecionar as operações do BID para determinadosinteresses. A gente não faz porque falta uma políticaofensiva. Existe liquidez em abundância hoje no mundo. Ësaber como e de onde tirar. Temos acordos com o Banco Europeu, oBanco de Investimentos Nórdico, o Banco de CooperaçãoJaponês. Dinheiro não falta, mas é preciso terbons projetos, bem articulados, bem calçados, com as devidasgarantias. Isso é que é preciso.