Marcia Wonghon
Repórter da Agência Brasil
Recife - Parteiras de três etniasindígenas de Pernambuco participam até amanhã (20), no bairro de Campo Grande, em Recife, de uma capacitaçãodestinada a melhorar o atendimento dados às gestantes nas aldeias do estado.O curso é promovido pelo Grupo Curumim, que há 12 anos desenvolvetrabalhos com parteiras indígenas e quilombolas de todo o país com objetivo demelhorar a qualidade do atendimento a saúde da mulher.Participam das atividades 14 índias das tribos Kapinawa, Xucuru, ePankararu dos municípios de Buíque, Pesqueira e Itacaratu. Elas estão recebendoinformações sobre práticas seguras de atendimento a gestantes, acompanhamentopré-natal, durante e após o parto e locais para encaminhamento das pacientes derisco.Segundo a socióloga do grupo Curumim, Núbia Melo, as parteirasdesempenham ações relevantes nascomunidade indígenas no sentido de assegurar a saúde das gestantes e dos bebês. Por essa razão, precisam reconhecer situações complicadas, melhorar a assistência e evitar mortalidadedas mães e dos bebês.A especialista explicou que a oficina, realizada com apoio dasecretaria estadual de saúde de Pernambuco e Fundação Nacional de Saúde(Funasa), integra a política do Ministério da Saúde.“O ministério tem o programa trabalhando com parteirastradicionais que faz parte do pacto de redução de morte materna. A nívelnacional existe a consciência da necessidade de promover a inclusão e trabalharcom as parteiras como pessoas que compõem parte do modelo da ciência obstétricano Brasil”, disse a socióloga.A parteira Maria de Assis, da tribo Pankararu, de 60 anos, mãe de 14filhos, participa do curso de capacitação. Ela canta e reza,pedindo apoio espiritual toda vez que precisa ajudar a trazer uma criança datribo ao mundo. “É um ritual da tribo para que nada possa dar errado.”Dados da Fundação Nacional de Saúde (Funasa) indicam que a populaçãoindígena de Pernambuco é formada por aproximadamente 36 mil indígenas de 10etnias.