Na presença do rei da Espanha, argentinos e uruguaios tentam resolver conflito ambiental

19/04/2007 - 18h37

Julio Cruz Neto
Repórter da Agência Brasil
Brasília - Quase 200 anos após sua independência, Argentina e Uruguai tiveram de recorrer à Coroa Espanhola para resolver um conflito entre as duas nações. Os governos dos dois países cruzaram o Atlântico para dialogar sobre uma disputa que já dura mais de um ano. Com mediação do rei Juan Carlos, da Espanha, delegações dos dois países discutiram hoje (19), em Madri, a polêmica instalação de fábricas de papel do lado uruguaio da fronteira, às margens do rio Uruguai.Por causa das indústrias Ence (da Espanha) e Botnia (da Finlândia), o governo argentino acusa o país vizinho de violar acordos internacionais que regulam a exploração do rio e danificar o meio ambiente. O Uruguai alega que os projetos seguem padrões internacionais e vão proporcionar empregos e investimentos na região: US$ 1,7 bilhão. Ligações entre os países foram bloqueadas e a questão foi parar na Corte Internacional de Haia.A Agência Télam informa que a delegação argentina ficou grata ao monarca espanhol não só pela oportunidade de sentar-se à mesa com os uruguaios, mas pelo fato de ter resolvido o problema da Ence. “Isso reduziu o conflito pela metade”, disse uma fonte oficial – sem detalhes de como a questão foi solucionada.O encontro, que durou aproximadamente uma hora, “excedeu o tempo previsto no protocolo, algo que não é comum”, segundo a fonte. “Sempre que há diálogo, há esperança”, concluiu.Ontem, delegados dos dois países tiveram uma reunião preliminar. O chanceler argentino, Jorge Taiana, disse em entrevista que os negociadores de seu país ficaram “moderadamente otimistas”.“É o primeiro passo de um processo que confiamos que vai continuar”, afirmou Taiana. “Insistimos na posição que defendemos em Haia, de solicitar o reposicionamento da planta de Botnia, mas não entramos em detalhes”.O chanceler uruguaio, Reinaldo Gargano, afirmou estar de “espírito aberto”, com perspectiva de que a reunião “tenha êxito”. Disse que “a agenda está aberta e se definirá nos próximos dias”. Mas frisou que “não se falou em corte de rotas nem reposicionamento [de Botnia], porque não era o lugar”. “Vamos trabalhar no tempo necessário para conseguir um acordo”.A Télam observa que o clima de boa vontade ficou evidenciado pela maneira como os integrantes das duas delegações se trataram