Conflito por terra deixa ferido no Rio Grande do Sul

19/04/2007 - 0h10

Alessandra Bastos
Repórter da Agência Brasil
Brasília - Conflito entre o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra (MST) e a Brigada Militar deixaram um trabalhador ferido na cabeça nesta quarta-feira (18). Edvaldo Martins levou doze pontos após ser atingido por um sabre da polícia militar. Segundo o MST, 300 trabalhadores realizavam uma marcha pacífica, na estrada RS 630, até a Fazenda Southall, no município de São Gabriel, sem a intenção de ocupar o local. Segundo o MST, é o quarto militante do movimento ferido pela polícia esta semana. Procurada pela Agência Brasil, a Brigada Militar do Rio Grande do Sul afirmou que só poderia dar informações sobre o assunto na quinta-feira (19).Uma barreira da Brigada Militar impediu a passagem da marcha, segundo o MST. "Já interviram com força, jogando os cavalos para cima dos manifestantes. O movimento reagiu se defendendo e ouve tiros para cima”, conta o advogado do MST no Rio Grande do Sul, Guilherme Abib. "Jogamos pedras porque eram nossas únicas armas. Eram quase dois policiais para cada trabalhador", argumenta Jane Fontoura, da liderança local do Movimento.De acordo com o Movimento, as mochilas foram deixadas todas no acampamento, o que comprova que a intenção não era ocupar a Fazenda. “Temos o direito de ir e vir e vamos entrar com uma ação”, adianta Jane.À tarde, novo embate. A polícia teria ido até o acampamento, montado na semana passada. “Mandaram todo mundo deitar no chão, pegaram nossas enxadas. Todos foram revistados e identificados e vários celulares quebrados”, conta Jane Fontoura. Dezoito trabalhadores foram detidos, mas liberados à noite, segundo ele.O MST alega que o dono da fazenda Southall, Alfredo Southall, tem uma dívida de R$ 30 milhões com a União, que teria sido contraída para negócios com celulose. "Defendemos que as terras devem ser para brasileiros. A maior parte da celulose é exportada e não paga impostos por causa da Lei Kandir [Lei complementar Federal 87/1996]", reclama.Ainda de acordo com o MST, vistoria feita pelo Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) teria constatado que 75% da Fazenda está em áreas de preservação ambiental permanente. O MST quer que mil famílias sejam assentadas.Ao longo da semana, no município Coqueiros do Sul, durante a ocupação da Fazenda Guerra, o trabalhador Daniel Chaves levou um tiro, segundo a assessoria do MST. O movimento também denuncia que alguns militantes teriam sido espancados na delegacia. No município Pedro Osório, houve dois trabalhadores feridos.