Flávia Albuquerque
Repórter da Agência Brasil
São Paulo - A redução da jornada de trabalho é a melhor forma de garantir emprego às pessoas desempregadas e garantir qualidade de vida aos outros 87 milhões de pessoas que estão empregadas. Este foi o consenso de especialistas reunidos hoje (3), no primeiro dia do seminário Jornada pelo Desenvolvimento, realizado pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Sócio-Econômicos (Dieese) em conjunto com sete centrais sindicais, hoje (3) em São Paulo.Uma Proposta de Emenda Constitucional (PEC), de 2001, sugere a redução da jornada de trabalho no país para 35 horas semanais. Atualmente, é de 44 horas. Mas o economista Márcio Pochmann, professor da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) tem uma proposta mais radical. Ele sugere uma jornada de 12 horas semanais, sendo quatro por dia de três dias por semana. As centrais sindicais não podem ficar não podem ficar presas às reivindicações do século passado, segundo ele. A redução de 16 para 8 horas diárias foi a reivindicação do protesto que reuniu 180 mil trabalhadores nos Estados Unidos, em 1º de maio de 1886, marco do Dia do Trabalhador.A atual duração da jornada de trabalho tem gerado doenças e acidentes do trabalho, além de problemas emocionais, avalia o economista Sadi Dal Rosso, professor da Universidade de Brasília (UnB). "Nós temos que ter uma qualidade de vida para fazer outras coisas, por isso é importante a redução jornada de trabalho", defende.O economista da UnB destacou que a redução da jornada não pode vir acompanhada do aumento de horas extras. Isso porque não está incluída na hora extra os direitos que o trabalhador recebe em uma hora normal. Alguns países impõem um limite de horas extras que um trabalhador pode fazer, inclusive na Argentina, Uruguai e Chile.A jornada brasileira é maior que a de países desenvolvidos e até de outros latino-americanos, segundo dados da Campanha pela Redução da Jornada de Trabalho, coordenada pelo Dieese e cinco centrais sindicais. Na Alemanha, a jornada semana é de 39 horas; nos Estados Unidos, 40 horas; e no Canadá, 31 horas. No Chile, a jornada semanal é de 43 horas e na Argentina, de 39 horas. Em todos esses países, a jornada foi reduzida nos últimos 20 anos.O objetivo do seminário, que prossegue até amanhã, é iniciar um movimento para debater o crescimento econômico do país e as formas para que esse crescimento traga desenvolvimento para a população. O seminário será concluído com uma agenda de propostas das centrais com as diretrizes para superar os problemas centrais e que impedem o desenvolvimento. As propostas serão apresentadas para empresários, governo e estados e municípios e serão uma base para as ações que as centrais sindicais desenvolverão em todo o país.