Etanol deve voltar a fortalecer relação entre Brasil e Estados Unidos, diz historiador americano

30/03/2007 - 7h16

Vitor Abdala
Enviado especial
Washington (EUA) - As relações entre Brasil e Estados Unidos devem ser ampliadas nospróximos anos, através principalmente do comércio do etanol e deoutros interesses em comum, como o avanço das negociações da Rodada deDoha, que prevê a abertura de mercados para o comércio mundial. Aafirmação é do coordenador do Programa de Estudos Brasileiros daUniversidade de Georgetown (EUA), o historiador Bryan McCann.Segundo ele, os dois países passaram um tempo de certo distanciamentopor conta de divergências políticas, como a posição contrária doBrasil à Guerra do Iraque, em 2003, e também por causa de disputascomerciais, como a taxação do aço brasileiro no mercadonorte-americano.Desde 2002, a participação dos Estados Unidos como destino dasexportações brasileiras vem diminuindo. Segundo dados do Ministério doDesenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, os norte-americanoscompraram cerca de 25% dos produtos exportados pelo Brasil naqueleano. Em 2006, esse percentual era de menos de 18%.Por outro lado, o comércio entre o Brasil e a América Latina cresceu ea região passou a receber quase 23% das exportações brasileiras em2006, contra uma participação de pouco mais de 16% em 2002.McCann explica que o distanciamento também ocorreu por conta daescolha norte-americana de dar prioridade a relações com outras partes domundo, como o Oriente Médio e outros países da Ásia. Mas, de acordocom o historiador, recentemente os Estados Unidos passaram a sepreocupar mais com a América Latina, devido à ascensão de presidentesque mantêm uma política antiamericana, como o venezuelano HugoChávez e o boliviano Evo Morales.Prova do interesse dos Estados Unidos pelo continentelatino-americano, segundo o professor, foi a visita do presidenteamericano, George Bush, a cinco países da região, inclusive o Brasil,neste mês."Evidentemente, George Bush está tentando costurar uma aliança, quenão é, talvez, uma aliança super-forte, mas uma aliança de interessescomerciais, no mínimo, que pode servir de baluarte contra esse outrotime do Chávez", afirmou McCann.Para o historiador da Universidade de Georgetown, o etanol é, semdúvida, outro ponto de aproximação entre Brasil e Estados Unidos. "Aquestão do etanol também é fundamental na nossa política de energia.Todo mundo está cada vez mais consciente, aqui, que nosso vício depetróleo, como George Bush falou, está metendo a gente em cada vezmais encrenca no Oriente Médio. Então, se a gente diminuir esse vício,mudando para outra 'droga', é melhor para a nossa economia, melhorpara o meio ambiente e nossa relação política com o mundo", disseMcCann.