Para deputado, atraso no Parlamento do Mercosul não é culpa do Brasil

28/03/2007 - 19h29

Julio Cruz Neto
Repórter da Agência Brasil
Brasília - Parlamentares dos países do Mercosul estiveram reunidos no início da semana em Montevidéu. Ao invés de realizarem a primeira sessão deliberativa do novo Parlamento do bloco, como havia sido combinado em dezembro, fizeram apenas um debate para definir os critérios de eleição do presidente e dos quatro vices – um representante de cada membro: Brasil, Argentina, Uruguai, Paraguai e Venezuela.O cronograma atrasou e a sessão inaugural ficou para 7 de maio. O deputado Dr. Rosinha (PT-PR) esteve na capital uruguaia, já voltou e explicou à Agência Brasil os problemas que têm dificultado o início das atividades. Criticou a atuação de parlamentares de outros países e negou que o atraso tenha sido causado por culpa do Brasil, que ainda não definiu seus 18 representantes.“Não indicamos nossos parlamentares porque não ia ter a primeira sessão pública no dia 26”, alega o deputado. “Se não tem sessão, para que indicar?”O deputado uruguaio Juan José Domínguez, futuro representante de seu país no Parlamento, afirmou recentemente que o atraso ocorreu porque “não se configuraram as delegações, principalmente a do Brasil”, segundo noticiaram veículos de comunicação.Dr. Rosinha afirma que os verdadeiros motivos para o atraso são falta de dinheiro, infra-estrutura e profundidade nas discussões. Para ele, a pauta da última reunião de Montevidéu poderia ter sido mais longa, incluindo, por exemplo, um debate sobre “todo o regimento interno do Parlamento”, e não apenas a escolha do presidente e dos vices. O deputado explica que a pauta é elaborada pelo país anfitrião.No aspecto estrutural, ele aponta a falta de um local apropriado para sediar o novo órgão. “A primeira sessão vai ser no Parlamento deles [Uruguai] e, durante um ano, o trabalho vai ser num local improvisado”.O problema financeiro, diz o deputado, é causado porque alguns países estão em falta com a contribuição anual de US$ 20 mil para a secretaria-executiva – principalmente a Argentina, que não paga “há três anos”. Ele explica onde o dinheiro está fazendo falta. “Se não há uma sede pública disponível, precisamos alugar uma sede, comprar móveis, pagar a conta de telefone, funcionários...”Sobre a escolha da delegação brasileira, Dr. Rosinha defende que não precisam ser necessariamente nove deputados e nove senadores, mas sim uma composição proporcional à do Congresso. Como há 513 deputados e 81 senadores, haveria em média 6,3 deputados para cada senador – ou seja, no máximo três senadores. Procurados pela reportagem, senadores da antiga Comissão Parlamentar Conjunta do Mercosul não quiseram se pronunciar.O deputado do PT paranaense explica que a comissão foi extinta para dar lugar ao novo órgão conjunto. Instalado oficialmente em dezembro último, no Senado brasileiro, o Parlamento do Mercosul funcionará em Montevidéu a partir de 7 de maio, se não houver novo atraso.