Quilombolas e índios têm prioridade nas compensações pela transposição, diz coordenador

23/03/2007 - 17h07

José Carlos Mattedi
Repórter da Agência Brasil
Brasília - A assistência às comunidadesquilombolas e indígenas é o primeiro item dos programasde compensação socioambiental do Projeto de Integraçãodo Rio São Francisco às Bacias Hidrográficas doNordeste Setentrional. A informação é docoordenador do projeto, Rômulo de Macedo Vieira, doMinistério da Integração Nacional."Dos 36 programas ambientais, nósvamos começar pelos menos 12 assim que as obras iniciarem”,disse Vieira, em entrevista exclusiva à AgênciaBrasil ontem (22). Hoje, o Instituto Brasileiro do Meio Ambientee dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) autorizou o iníciodas obras da transposição do São Francisco. A licença de instalação foi encaminhada ao ministério eentrará em vigor quando for publicada no DiárioOficial da União.“Depois vêm os programas decomunicação/educação ambiental, e osprogramas de abastecimento de água a pequenas comunidades aolongo do sistema”, acrescentou o coordenador. “E tambémtodo o programa de saneamento ambiental de 138 municípios,mais o abastecimento de água de 391 municípios daregião beneficiada pelo projeto." Ele citou também recuperação das margens do rio e contençãode processos de erosão entre essas medidas.Rômulo de Macedo Vieira contestou a proposta de que o governo sóinicie as obras após a recuperação do rio e deseus afluentes (conhecida como revitalização),defendida por parte das entidades ambientais e populares envolvidasno debate público sobre o São Francisco. “Atransposição e a revitalização do rio nãosão obras excludentes”, disse, ressaltando que o processo derevitalização pode levar de 20 a 30 anos. “Apopulação do NordesteSetentrional [sertão dos estados de Pernambuco, Ceará,Paraíba e Rio Grande do Norte], que vai ser beneficiadacom a transposição, não pode esperar todo essetempo para ter água”, acrescentou. Vieira lembrou que o Programa de Aceleraçãodo Crescimento (PAC) prevê R$ 1,5 bilhão deinvestimentos na revitalização nos próximos trêsanos. Segundo ele, essas medidas serão importantes para deixaro rio limpo e navegável, mas sua execução nãoinfluenciará no volume de água: “A quantidade de águaque corre hoje é a mesma de milhões de anos atrás”. Ele informou que o trecho do São Francisco anterior à barragem de Sobradinho terá prioridade.