Ibama autoriza início das obras para a transposição do São Francisco

23/03/2007 - 14h29

José Carlos Mattedi
Repórter da Agência Brasil
Brasília - O Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dosRecursos Naturais Renováveis (Ibama) autorizou o iníciodas obras de transposição de águas do SãoFrancisco. A informação foi divulgada hoje (23) pelaassessoria de comunicação do instituto.Ontem, o coordenador do Projeto de Integraçãodo Rio São Francisco às Bacias Hidrográficas doNordeste Setentrional, Rômulo de Macedo Vieira, do Ministérioda Integração Nacional, disse em entrevista exclusiva à Agência Brasil que homens do Exércitojá se encontravam a postos para dar início ao projetotão logo a licença fosse emitida. A previsão éque em quatro anos as obras estejam concluídas, com custoestimado de R$ 4,2 bilhões.Nesta semana, a Procuradoria da República no Distrito Federal havia recomendado ao Ibama que não concedesse o licenciamento sem novas audiências públicas sobre os estudos complementares exigidos após a emissão da licença prévia ao projeto.Segundo levantamento do ministério, o Nordeste conta com apenas 3% da água doce do país, dos quais a Bacia do São Francisco responde por 70%. O projeto de transposição prevê a construção de dois canais: um a Leste, que levará água para Pernambuco e Paraíba, a partir da captação no lago da barragem de Itaparica; e outro na direção Norte, abastecendo o Ceará e o Rio Grande do Norte com a retirada sendo feita nas imediações da cidade de Cabrobó (PE).Em apresentação a integrantes dogoverno, o coordenador descartou alternativas sugeridas ao projeto,como a construção de cisternas, adutoras e açudes,abertura de poços, reaproveitamento de águas jáutilizadas, dessalinização de águas subterrânease chuvas artificiais. “São todas alternativas caras erenderiam pouco volume de água”, frisou. Segundo Macedo, atransposição vai custar cerca de R$ 400 por habitante,enquanto a construção de uma adutora não sairiapor menos de R$ 1.000.Para abastecer os dois canais da transposição, a AgênciaNacional de Águas (ANA) outorgou a retirada contínua de26 metros cúbicos de água por segundo, ou 1,4% da vazãofirme do rio (a mínima garantida), que é de 1.850metros cúbicos por segundo na foz. No período dechuvas, o volume captado pode chegar a 127 metroscúbicos/segundo. De acordo com Vieira, esse uso é“mínimo” em comparação com a atual retirada feitapara irrigação nas margens do rio (91 metros cúbicospor segundo) e para consumo humano (360 metros/segundo).O Rio São Francisco nasce na Serra da Canastra,em Minas Gerais, e deságua no Oceano Atlântico na divisade Sergipe e Alagoas, cerca de 2.700 quilômetros adiante. Foidescoberto em 1502 e ficou conhecido como o Rio da IntegraçãoNacional (por ser o caminho de ligação do Sudeste e doCentro-Oeste com o Nordeste) e como Velho Chico. Do seu volume deágua, 75% são gerados no estado mineiro e 12% na Bahia,segundo Rômulo de Macedo Vieira.A primeira proposta de transposiçãodo Velho Chico, como o rio tambémn é conhecido, surgiu em 1847, no Congresso Nacional da época,e foi feita por um parlamentar cearense.