Quadrilha lavava dinheiro do tráfico de drogas comprando imóveis e empresas no Rio

22/03/2007 - 16h57

Adriana Brendler
Repórter da Agência Brasil
Rio de Janeiro - A Polícia Federal deflagou estamanhã (22) a Operação Platina para atacar a basefinanceira de uma quadrilha internacional de tráfico dedrogas, que atua no Brasil, Uruguai, Colômbia, Estados Unidos eEspanha. O saldo parcial da operação é de novepresos, mais de 40 bens imóveis seqüestrados, 92 contasbancárias bloqueadas, oito postos de gasolina interditados euma indústria petroquímica fechada. Uma pessoa aindaestá sendo procurada, no Rio.

De acordo com o superintendenteregional da Polícia Federal no Rio de Janeiro, Delci CarlosTeixeira, a quadrilha é responsável pelo envio de atéuma tonelada por mês de cocaína produzida pelo cartel doVale do Norte, na Colômbia, para os Estados Unidos e Europa.

Segundo o delegado, a droga nãopassava pelo Brasil - era levada da Colômbia para o Uruguai, deonde seguia, por via marítima, para a Espanha e depois eradistribuída para Europa e Estados Unidos –, mas o dinheiroobtido com o tráfico dos entorpecentes era investido no Rio deJaneiro, por isso a operação foi desencadeada nacapital fluminense.

“A operação nãovisou à apreensão de entorpecentes, mas sim a basefinanceira onde era aplicado o dinheiro, onde ocorria a lavagemdesses numerários, aqui no Rio de Janeiro, principalmente empostos de gasolina e distribuidoras de combustível, alémde imóveis de alto luxo”, informou Teixeira.

Conforme o coordenador nacional daOperação Platina, delegado Júlio CésarBortolato, o chefe da quadrilha é o colombiano AlexanderPareja Garcia, detido ano passado em São Paulo, e atualmentepreso em Brasília.

Mesmo preso, Pareja mantinha sua basede operações envolvendo familiares, testas de ferro edoleiros no Rio de Janeiro. Segundo as investigações daPolícia Federal, há informações de que emapenas uma semana o grupo aplicou mais de R$ 40 milhõesprovenientes do trafico de drogas. “O dinheiro voltava pelo Uruguaie adentrava ao território nacional (do Brasil), sendolegalizado como investimento nestas empresas no Brasil”.

Centralizada na capital fluminense,onde ocorreu a maioria das ações da manhã dehoje, a Operação Platina envolveu mais de 250 agentesda Polícia Federal e também fiscais da AgênciaNacional do Petróleo e teve desdobramentos em Brasília,São Paulo, Mato Grosso e Rio Grande do Sul.

Integravam a rede de empresasfinanciadas pela organização criminosa coordenada porPareja oito postos de gasolina e uma empresa de transporte decombustíveis no estado do Rio de Janeiro e a indústriaPetroquímica Delft, com matriz em São Paulo e filiaisem Rondonópolis (MT) e em Porto Alegre (RS).

Entre as pessoas presas está amulher de Pareja, detida em Brasília, e uma irmã, presano Rio de Janeiro. Também foram pedidas as prisõespreventivas de três pessoas no Uruguai e uma na Espanha, alémde uma prisão temporária na Colômbia.

A Operação, coordenadapela Diretoria de Combate ao Crime Organizado de Brasília, éresultado de dois anos de investigação da PolíciaFederal com a cooperação das polícias doUruguai, Inglaterra, Colômbia, Espanha e Estados Unidos.