Após indiciamento, Jefferson critica procurador e Polícia Federal

21/03/2007 - 22h40

Lana Cristina
Repórter da Agência Brasil
Brasília - O ex-deputado Roberto Jefferson (PTB-RJ) culpou o procurador da República Bruno Acioli por seu indiciamento, hoje (21), por formação de quadrilha, no inquérito que apura as denúncias de irregularidades nos Correios. Após depoimento na Polícia Federal sobre o suposto esquema de corrupção em contratos e licitações nos Correios, o atual presidente do PTB afirmou: "Fui indiciado por ordem do procurador. Acho que ele é moleque de recado do PT. Ele desonra a Procuradoria da República. É um homúnculo". Acioli integra a equipe de investigação das irregularidades nos Correios desde que o escândalo veio à tona, em maio de 2005. Jefferson atacou também a Polícia Federal e disse que não gostou de ter sido indiciado porque, segundo ele, a única prova que teria embasado o indiciamento foi seu livro Nervos de Aço, em que aborda a chamada "crise do mensalão". O título do livro é uma referência à música de Lupicínio Rodrigues, que integra o repertório de Jefferson desde que o ex-deputado faz aulas de canto. “Com base no livro, foi uma coisa assim muito subjetiva. Papel torpe, papel triste”, avaliou. Sobre a Polícia Federal, Roberto Jefferson disse que ela "hoje é um braço... é a polícia política do governo Lula, é o braço de marketing policial do governo Lula”. O ex-deputado afirmou que o PTB não comandou qualquer esquema nos Correios – argumento usado pelo delegado da PF que preside o inquérito, para o indiciamento de Jefferson. “É... dizendo que o nosso partido (o delegado ao explicar o porquê do indiciamento), segundo o livro, teria feito negócios nos Correios. Meu partido não fez nenhum negócio na Empresas de Correios e Telégrafos. Nenhum negócio. É uma coisa subjetiva e não há fato concreto”, rebateu.Segundo a PF, o indiciamento “é técnico e baseado em provas segundo as quais Jefferson indicou pessoas não para trabalhar pelo órgão (Correios), mas sim para o PTB, angariando fundos para o partido que ele preside”. As provas que levaram a concluir que o ex-deputado estava envolvido no crime de formação de quadrilha foram ainda o depoimento dele à Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) dos Correios, que, na visão dos delegados, representa a confissão de Jefferson sobre sua participação no esquema. A Polícia Federal baseou-se também no depoimento do ex-chefe do Departamento de Contratação e Administração de Material dos Correios, Maurício Marinho, que confirmou à polícia a atuação de Jefferson no suposto esquema. Segundo foi apurado pela polícia, o PTB indicava nomes para cargos nos Correios e, assim, fazerem "caixa" para o partido. As indicações também eram feitas por outros partidos da base aliada do governo. A PF alegou também ter ficado comprovado que duas empresas que fariam parte do esquema nos Correios teriam patrocinado material de campanha para o PTB. São elas a Multiformas e a Incomin, que, pela investigação, aparecem como beneficiadas em licitações nos Correios.Em 2005, após a veiculação do vídeo em que Maurício Marinho aparece recebendo propina, no valor de R$ 3 mil, para favorecer uma empresa em processo de licitação nos Correios, o ex-deputado Roberto Jefferson denunciou na tribuna da Câmara dos Deputados a existência do "mensalão", valor que seria pago periodicamente a parlamentares em troca da aprovação de projetos de interesse do governo.