Simon faz discurso para defender processo de cassação de Collor

21/03/2007 - 19h49

Marcos Chagas
Repórter da Agência Brasil
Brasília - O senador Pedro Simon (PMDB-RS) fez, hoje, um contraponto ao discurso realizado pelo colega Fernando Collor (PTB-AL), na semana passada, quando deu a sua versão sobre o processo de cassação a que foi submetido em 1992. Simon rebateu os argumentos de Collor de que a Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) instalada para investigar a denúncia feita por Pedro Collor – irmão do ex-presidente - de formação de quadrilha no governo seria “uma farsa”.Segundo o peemedebista gaúcho, que integrou esta CPMI, a comissão cumpriu todos os ritos para sua instalação. Simon lembra que “após uma crise de identidade”, quando não conseguia provas materiais sobre as informações colhidas em depoimento, apareceu o motorista Eriberto França que prestava serviço para a então secretária particular do presidente, Ana Accioly.“A partir daquele momento os fatos passaram a falar por si. A equipe técnica (da CPMI) cruzava informações e a cada momento surgia provas. Cheques que migravam de contas fantasmas e acabavam depositados em contas de pessoas envolvidas no esquema de Paulo César Farias”, afirmou Simon. Paulo César, tesoureiro de campanha de Collor, foi acusado pela CPMI de comandar um esquema de corrupção no governo do qual faria parte também o ex-presidente e hoje senador petebista.Simon, advogado de defesa há 50 anos, não poupou o Supremo Tribunal Federal (STF) pela decisão de, por falta de provas, determinar o arquivamento das denúncias apresentadas pela Procuradoria Geral da República contra o ex-presidente. “Foi triste esta decisão do Supremo Tribunal como têm sido triste todas as decisões tomadas recentemente. O STF disse que por falta de prova arquivaria. Não poderia ter feito isso. Tinha que pedir a abertura de diligências”.Apesar do arquivamento das denúncias pela Suprema Corte, Pedro Simon reconheceu que, na história recente do país, Fernando Collor foi o único presidente punido politicamente com cassação de mandato e direitos políticos. Disse, ainda, que em nenhum momento o então presidente usou “a força da caneta” para tentar impedir o andamento das investigações da comissão.Num debate de cerca de três horas, com apartes de vários senadores, sem qualquer exaltação, Fernando Collor tentou rebater a colocações do colega gaúcho. Voltou a afirmar que a sua versão da história do “impeachment” baseia-se em fatos. “Nós vivemos num Estado democrático de direito. Foram dois anos de investigações que resultaram num processo de 15 a 16 mil páginas. O senhor tem a convicção no que disseram, nas informações passadas pela imprensa e nos depoimentos colhidos. Eu trago os atos que foram investigados pela CPI”.Sem citar nomes, Fernando Collor começou a contar alguns bastidores do seu processo de cassação. Para justificar que os deputados e senadores teriam decidido pedir seu impedimento sob pressão, Collor afirmou que “um determinado diretor de uma revista de circulação nacional foi, pessoalmente, conversar com o então presidente das Organizações Globo, Roberto Marinho, e políticos de estirpe. Havia pressão, sim, dos meios de comunicação”.