Mudança no cálculo do PIB acaba com "defasagem", acredita presidente do BNDES

21/03/2007 - 21h24

Alana Gandra
Repórter da Agência Brasil
Rio de Janeiro - As mudanças no cálculo do Produto Interno Bruto (PIB) corrigem "defasagem entre a base estatística, histórica, da construção daquele índice e a estrutura real da economia brasileira”, avalia o presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social, Demian Fiocca. "Já era bastante sabido entre os economistas que discutiam crescimento e PIB  que havia alguma defasagem".Segundo Fiocca, esse problema é mais visível na área de serviços, que é onde estão as revisões de maior impacto do PIB.  Ele indicou, nesse sentido, o exemplo do setor de telecomunicações, no qual o PIB era construído historicamente pelo  número de pulsos  e este se baseava  sobre linhas fixas."O Brasil teve um grande crescimento do setor de telecomunicações linhas fixas até 2001 com o  resultado das metas de universalização. Depois se estabiliza a base fixa e, no entanto, segue de maneira especialmente notável a expansão de celulares no Brasil. Hoje é um fenômeno mundial de celulares. No entanto, o celular não era  captado por essa estatística de pulso”, ressaltou.Na avaliação do presidente do BNDES, isso mostra que aquilo que era uma boa variável para aproximar o serviço telefônico  foi se tornando cada vez menos preciso na aferição do uso real daquele serviço. Demian Fiocca assegurou que não se surpreendia com a revisão do IBGE que elevou o crescimento apurado em 2005 para o PIB  de 2,3% para 2,9%, em relação ao ano anterior. “Não me surpreende a revisão para cima, especialmente na área de serviços, onde se sabia que existia alguma defasagem”, externou.Fiocca salientou que a mudança de metodologia introduzida pelo IBGE não contradiz a percepção do banco  a respeito do crescimento no ano passado. O presidente do BNDES disse que a instituição experimentou em 2006 uma expansão real  nos desembolsos e também nas aprovações  de operações a um ritmo  bem superior ao do PIB. Descontada a inflação, que ficou em torno de 4%, o crescimento real dos desembolsos do BNDES no ano passado atingiu 7%.“Então, se o PIB na verdade cresceu um pouco mais rápido, é algo ainda perfeitamente consistente com o que nós podemos ver das nossas operações”, manifestou Fiocca. Ele afirmou também que outro dado consistente com as operações do banco é a aceleração do investimento. O presidente do BNDES disse que se tem observado no Brasil um aumento progressivo da formação bruta  de capital fixo, que é o nível de investimento sobre o PIB.