Fórum da Previdência discute mudanças no mercado de trabalho

21/03/2007 - 20h51

Stênio Ribeiro
Repórter da Agência Brasil
Brasília - O ministro da Previdência, Nelson Machado, destacou hoje (21), ao instalar a segunda reunião do Fórum Nacional da Previdência Social, a necessidade de se discutirem rumos para uma "sociedade mais justa, solidária e democrática". Para alcançar esse nível, disse o ministro, são necessárias mudanças no sistema previdenciário. Ao discursar na reunião, a portas fechadas, Machado falou sobre a necessidade de implantação de medidas que promovam maior inclusão social, pois ainda restam quase 8 milhões de brasileiros que trabalham por conta própria, sem acesso aos direitos previdenciários.  Criado em janeiro deste ano, o Fórum realizou sua primeira reunião no último dia 7, quando discutiu Transformações Demográficas e Previdência. Hoje, a tônica das discussões girou sobre Mercado de Trabalho e Previdência Rural, segundo informou, em entrevista, o diretor de Estudos Sociais do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), Guilherme Costa Delgado. Delgado disse que, de 1995 a 2005, os gastos com a seguridade social saltaram de 9,6% para 12,5% do Produto Interno Bruto (PIB), que é a soma das riquezas produzidas no país.  Para Delgado, trata-se de um gasto "muito alto", em comparação com outros países, e fortemente associado a benefícios previdenciários e assistenciais de efeito permanente. Ele ressaltou que o Brasil vive um "momento positivo", com crescimento do emprego formal, "apesar da política econômica", que considera falha. O Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), na avaliação de Delgado, "pode ser fundamental para a economia seguir numa trajetória mínima de crescimento". Caso contrário, "a gente aborta esse círculo virtuoso, que é o aumento de benefícios no mercado de trabalho", enfatizou. José Márcio Camargo, do Departamento Econômico da Pontifícia Universidade Católica (PUC) do Rio de Janeiro, que fez palestra sobre as necessidades de reforma de longo prazo na Previdência, disse aos jornalistas que as mudanças são prementes e, se possível, vale até construir um sistema previdenciário inteiramente novo para os trabalhadores que entrarem no mercado de trabalho a partir de agora. De acordo com Camargo, a maior dificuldade é saber como operar uma mudança de tamanha amplitude, porque deverá haver resistências. "Não dá para manter um sistema que gasta 13% do PIB com o  sistema previdenciário, enquanto o país gasta com educação fundamental e média apenas o equivalente a 3,5% do PIB, considerando-se que 30% da população tem menos de 15 anos", destacou. Camargo estima que o Brasil gaste 17 vezes mais com os 6,5 milhões de pessoas com mais de 65 anos do que com a educação das crianças. "Estamos tentando resolver um problema do passado e criando um problema para o futuro", afirmou.