BR Distribuidora quer inibir possibilidade de concorrência desleal nas fronteiras

20/03/2007 - 21h05

Alana Gandra
Repórter da Agência Brasil
Rio de Janeiro - O aumento da atuação da Petrobras com os postos de bandeira Ipiranga, por meio da subsidiária BR Distribuidora, nas regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste, vai reforçar o trabalho de inibir o ingresso de distribuidoras estrangeiras e a prática de preços considerados desleais. Segundo a presidente da BR Distribuidora, Maria das Graças Foster, o mercado dessas regiões é "nobre", porque nelas estão as fronteiras com países como a Venezuela, por onde entram produtos com preços inferiores. “A presença da BR e das demais distribuidoras que são fortes naquela região é extremamente necessária para que o nosso consumidor seja atendido com qualidade e com preços sustentáveis, que não sejam preços de oportunidade”, declarou Foster.O impedimento dessa concorrência desleal foi considerado durante a negociação que dividiu os postos Ipiranga entre a Petrobras e o grupo Ultra – este abrangendo as regiões Sul e Sudeste, disse a presidente da BR. A Petrobras, o Ultra e a  Braskem adquiriram o controle do grupo Ipiranga por cerca de US$ 4 bilhões.Foster afirmou que a preocupação maior da Petrobras está relacionada à pulverização de distribuidoras menores, que em determinadas oportunidades geram receita, mas não de forma permanente. A opção da Petrobras por atuar com postos de bandeira Ipiranga no Norte, Nordeste e Centro-Oeste foi ainda, segundo ela, uma estratégia para impedir a entrada do produto importado, "não unicamente da PDVSA, a estatal venezuelana, mas de qualquer outra origem". O diretor de Abastecimento da Petrobras, Paulo Roberto Costa, informou que com a divisão entre a empresa e o grupo Ultra, a estatal ficará com 25% do mercado de distribuição da Ipiranga e a Ultra, com 75%. Isso elevará a participação da BR no mercado nacional de distribuição, de 33,8% para 38,8%.Ele esclareceu que esses 25% do mercado não eliminam a entrada de qualquer outra empresa internacional na área de distribuição brasileira. “Isso está liberado, basta conseguir autorização da Agência Nacional do Petróleo (ANP). Nós não montamos a divisão dos postos Ipiranga olhando fantasmas. Nós estamos olhando sinergias da Petrobras em relação  a seu refino e sua distribuição”, disse. Costa explicou que se outra companhia internacional quiser colocar produto no Brasil, isso não depende da Petrobras. E ressaltou que o mais coerente nesse caso seria a fixação de preço competitivo internacional do que “preços diferenciados de distribuidoras de fronteira que não pagam nem o refino”. Maria das Graças Forster revelou que 260 distribuidoras competem hoje com a BR no país. E avaliou como positiva a aproximação com o grupo Ultra, atualmente o maior distribuidor de gás liquefeito de petróleo (GLP), porque a experiência nessa área será repassada à Petrobras. E a estatal terá de ensinar à Ultrapar (empresa de participações do grupo Ultra) o que sabe sobre a distribuição de combustíveis líquidos.