CVM já tem relação de compradores e vendedores de ações do grupo Ipiranga

20/03/2007 - 18h51

Alana Gandra
Repórter da Agência Brasil
Rio de Janeiro - A Comissão de Valores Mobiliários já recebeu da Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) e das três empresas do grupo Ipiranga (Companhia de Petróleo Ipiranga, Ipiranga Distribuidora e Refinaria Ipiranga) as informações solicitadas na última sexta-feira (16), quando se observou elevação atípica na cotação das ações do grupo.Segundo o chefe de gabinete da presidência da CVM, Marcelo Marques, a comissão pediu à Bovespa informações sobre os  compradores e vendedores dos papéis das três companhias do grupo Ipiranga. A CVM perguntou também às três empresas quais funcionários tinham conhecimento da compra do grupo pelo consórcio formado pela Petrobras, Braskem e grupo Ultra. A operação de compra foi divulgada oficialmente ontem (19).Marques disse que, com a investigação, a CVM pretende saber se houve uso de informação privilegiada no processo. Na quarta-feira (14), a ação ON (ordinária, com direito a voto) da Ipiranga Distribuidora, por exemplo, estava cotada a R$ 45. No dia seguinte, não houve negócios. Na sexta, contudo, a ação subiu para R$ 60, fechando ontem (19) em R$ 100,44 .A CVM está agora na fase investigatória. "A parte técnica da CVM está agora recebendo os dados fornecidos tanto pelas empresas quanto pela Bovespa e vai fazer a análise. Se ela [CVM] detectar forte indício de informação privilegiada, proporá ao colegiado da comissão abertura de inquérito e, ao mesmo tempo, oficiará o Ministério Público, porque hoje em dia a utilização de informações privilegiadas é considerada crime. Então, além de ter um processo administrativo na CVM, existirá também um processo legal”, explicou Marques.Ele ressaltou que não há prazo para conclusão da investigação pela CVM, tal a complexidade do caso. Se for comprovado o delito, os envolvidos poderão sofrer de uma simples advertência - e, para Marques, “não vai ser o caso” - até  a inabilitação para operações em bolsa. Também pode ser estipulada multa, até o triplo do valor do lucro obtido pelos envolvidos. Ao comentar a possibilidade de ter havido vazamento de informações na compra do grupo Ipiranga, o diretor de Abastecimento da Petrobras, Paulo Roberto Costa, disse que o caso deve ser investigado pela CVM, “que é o órgão competente e responsável por isso”. Costa lembrou que as negociações, feitas por quatro grandes empresas nacionais, devem ter envolvido “mais de 200 pessoas”. Na Petrobras, disse ele, todos estão tranqüilos. “Não temos nenhuma preocupação com relação a isso [suspeita de vazamento de informações]”, afirmou.