Coordenador da Via Campesina questiona liberação de transgênicos por ameaça à base genética natural

20/03/2007 - 17h33

Ivan Richard
Da Agência Brasil
Brasília - Durante a audiência pública na Câmara dos Deputados que discutiu o processo de liberação de autorizações comerciais de transgênicos, representantes agricultores e produtores de sementes entregaram um abaixo-assinado favorável à liberação de milho geneticamente modificado. Contudo, o ex-deputado estadual Frei Sérgio Antônio Gorgen (PT-RS), do Movimento Pequenos Agricultores e que estava presente na audiência, discordou dos argumentos apresentados.Segundo ele, cerca de 8 milhões de produtores, que plantam a maior parte do milho do país, serão prejudicados se a comercialização de transgênicos for autorizada. “Os transgênicos podem comprometer nossa base genética. Ainda existem muitas dúvidas quanto aos problemas que eles podem trazer à saúde e ao meio ambiente que não foram esclarecidos”, defendeu.Frei Sérgio citou o exemplo da soja, que segundo ele, no início se apresentou como salvação das lavouras e atualmente “está endividando e criando inúmeros problemas econômicos para os agricultores”. “Aquilo que foi prometido, de diminuir o uso de venenos, não aconteceu, ao contrário, aumentou. Que a produtividade iria aumentar é mentira, ela caiu”, avaliou.O ex-deputado gaúcho sugeriu que fossem realizados estudos mais aprofundados sobre os impactos dos transgênicos na saúde humana e também em relação ao meio ambiente. Uma alternativa, segundo o frei, seria exigir que os transgênicos passassem por avaliações semelhantes às que são submetidos os remédios para atestar a eficácia e que não fazem mal à saúde. “Nem um cientista está dizendo que não é para plantar, futuramente, transgênico ou não. Eles dizem que tem problemas e que o caso precisa ser melhor estudado”.A medida provisória que reduz o número de votos na Comissão Técnica Nacional de Biossegurança (CTNBio) para a liberação de transgênicos deve ser sancionada ou vetada pelo presidente Lula até amanhã (21). A MP foi aprovada pela Câmara e Senado no final de fevereiro e prevê a redução do quórum de 18 integrantes para 14, o que abriria espaço para votações mais rápidas para a liberação de transgênicos.