Trabalhadores sem-teto ocupam terreno em São Paulo e contestam ação da polícia

18/03/2007 - 11h59

Ana Paula Marra
Repórter da Agência Brasil
Brasília (Brasil) - Cerca de 800 famílias que integram o Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST) continuam acampadas em um terreno de Valo Velho, em Itapecirica da Serra, na Grande São Paulo. O local - que segundo eles tem cerca de um milhão de metros quadrados - foi ocupado na sexta-feira (16) à noite. A principal reivindicação das famílias é a construção de moradias populares. “Esse terreno é particular e possui grandes dívidas com o poder público. Por isso, existe uma prerrogativa para desapropriá-lo e construir, aqui, casas populares", disse o coordenador do movimento, Guilherme Boulos, em entrevista hoje (18) à Agência Brasil. De acordo com ele, se o local fosse desapropriado, daria para construir ali pelo menos 5 mil moradias ali.Boulos afirma que as famílias pretendem ficar no terreno até que o governo encontre uma solução. "Permaneceremos aqui, de preferência até se construírem as casas. Hoje, o programa habitacional do governo é uma falácia. Essa questão precisa ser revista urgentemente”, afirmou, acrescentando que a ação também é uma resposta “ao descaso público” frente às carências habitacionaisSegundo o coordenador, as famílias vêm sofrendo pressão da Polícia Militar (PM) para que deixem o local. “A PM está no local com o objetivo de conter a massificação. Está agindo de forma ilegal e arbitrária ao impedir o direito de ir e vir das famílias no terreno", ponderou. "A polícia não tem nenhum respaldo legal para agir assim". Ele conta que os policiais estão impedindo a entrada de água e alimentos no acampamento. "Mas quero deixar claro que vamos continuar com a nossa luta, pacífica, mesmo diante da ação ilegal da polícia”.Boulos informou que o MTST denunciou a forma como a polícia vem agindo à Corregedoria da PM e às comissões de direitos humanos do estado. “Queremos que a polícia recue, mas até agora ninguém se manifestou. A PM já reduziu a ocupação desde ontem, mas continua com a postura truculenta”.Procurada pela reportagem, a Polícia Militar informou, por meio de sua assessoria de comunicação, que não se pronunciaria sobre o fato neste momento.Boulos acrescentou que o movimento "tem esperança" de que os governos federal e estadual atendam às demandas do MTST o quanto antes. Segundo ele, a entidade mantém diálogo constante com a secretária Nacional de Habitação do Ministério das Cidades, Inês Magalhães, e com representantes da Caixa Econômica Federal. “Estamos reivindicando, há tempos, ao governo federal e estadual, melhores condições de moradia. Esperamos que o governo tome uma postura diante deste fato”.