Abandono do conceito "grupo de risco" aumenta detecção de aids entre mulheres

16/03/2007 - 14h24

Monique Maia
da Agência Brasil
Brasília - Cerca de um terço dos portadores do vírus HIV no Brasil são mulheres. E de acordo com a ministra da Secretaria Especial de Políticas para as Mulheres, Nilcéia Freire, esse número continua crescendo: 44% foram infectadas entre os anos de 1995 e 2005.Em entrevista a Radiobrás, nesta sexta-feira (16), a ministra disse que um dos fatores para o crescimento na detecção da aids entre as mulheres nos últimos anos foi o abandono do conceito “grupo de risco”.Segundo ela, anteriormente uma mulher que estivesse casada e tivesse uma relação estável e monogâmica não estava enquadrada nos chamados grupos de risco.“Muitas vezes, as mulheres, por não serem consideradas dentro do grupo, não eram diagnosticadas como portadoras da doença ou então, esses diagnósticos eram feitos tardiamente, já quando as possibilidades de tratamento e algumas seqüelas em função da infecção já se apresentavam”, explica.Na semana passada, a Secretaria Especial de Políticas para as Mulheres lançou o Plano de Enfrentamento da Feminização da Aids e outras Doenças Sexualmente Transmissíveis, que pretende aplicar ações específicas para reduzir o número de casos de aids entre o público feminino.O projeto será desenvolvido nos próximos quatro anos e tem como uma das principais metas aumentar a distribuição de preservativos femininos pelo Ministério da Saúde, órgão parceiro para a implantação do plano. Além disso, pretende-se dobrar o percentual de mulheres que realizam teste anti-HIV durante o pré-Natal, e aumentar o acesso dos jovens ao preservativo.No entanto, para Nilcéia Freire, também é preciso envolver questões culturais e sociais para o combate da doença.“Tem que se olhar a questão da infecção do HIV como não só um dado a ser tratado do ponto de vista biológico. E essa é a grande inovação do nosso plano. Ele incorpora a uma ação de governo questões que dizem respeito às relações entre homens e mulheres na sociedade, aos padrões culturais e problemas como a violência doméstica e sexual”, afirma.