Lula e Bush discursam sobre intenção de aumentar produção de álcool

09/03/2007 - 13h20

Carolina Pimentel
Repórter da Agência Brasil
Brasília - Após a visita no terminal da Transpetro,subsidiária da Petrobras, em Guarulhos, os presidentes GeorgeW. Bush e Luiz Inácio Lula da Silva discursaram sobre aintenção de aumentar a produção de etanole biodiesel, como forma de alterar o panorama mundial das fontes deenergia, muito dependente do petróleo. A proposta é umdos principais pontos discutidos pelos chefes de Estado.Opresidente Lula da Silva levantou a possibilidade de incentivar ospaíses em geral a trocar suas principais fontes de produçãode energia. Dirigindo-se a George W. Bush, sugeriu umaatuação conjunta com esse fim. “A sua visita aoBrasil pode significar definitivamente uma aliança estratégicaque permita um convencimento do mundo mudar sua matriz energética”,disse.O presidente citou a criação do FórumInternacional de Biocombustíveis, lançado na últimasexta-feira (2) por Brasil, África do Sul, China, EstadosUnidos, Índia e União Européia na Organizaçãodas Nações Unidas (ONU). “Somente assim teremos aescala de produção necessária para potencializaros benefícios do etanol e o biodiesel”, comentou.O presidente dos Estados Unidos, George W. Bush,disse que planeja aumentar em mais de seis vezes o consumo de etanol(álcool combustível) de seu país até2017, passando dos atuais 20 bilhões de litros anuais para 132bilhões. Ao lado de Lula, Bush fez um discurso que enfatizouas vantagens do etanol, a necessidade de proteger o meio ambiente eas vias de cooperação com o Brasil.Uma daspossibilidades mencionadas foi na área de pesquisa. Bushelogiou os acadêmicos dos dois países e afirmou que elespodem trabalhar conjuntamente no desenvolvimento de tecnologia debiocombustível. Contou também que pediu ao Congresso aaplicação de US$ 1,6 bilhão a mais nos próximosdez anos em pesquisas na área. O presidente mencionoutambém a relação com países pobres,citando especificamente a América Central. “Quero colaborarcom o Lula para fazer com que a América Central aumente suaindependência do petróleo e se torne auto-suficiente emenergia”.A idéia recebe apoio e crítica. Nos bastidores, a parceria anda a todo o vapor desde o fim do ano passado. Segundo oex-ministro da Agricultura, Roberto Rodrigues, uma comissão de âmbitocontinental criada em dezembro, a Comissão Interamericana de Etanol jáencomendou um diagnóstico geral sobre a América Latina, para saber ondee como será possível plantar cana-de-açúcar ou aproveitar a produção jáexistente para fabricar etanol.Com uma análise diferente, está o engenheiro José Bautista Vidal, um dos criadores do programa públicoque desenvolveu o uso do álcool combustível no Brasil, nos anos 70, oProálcool, que acredita que as negociações do país com os Estados Unidos emtorno do produto podem ter conseqüências "péssimas" para os brasileiros. “Em vez de o Brasil tomar ainiciativa e criar instrumentos, empresas, criar a Companhia Brasileirade Bioenergia, os norte-americanos aproveitam e estão criando umaestrutura de poder a partir do álcool brasileiro”, disse hoje (9) ementrevista à TV NBr. Movimentos sociais também criticam os prejuízos de incentivar a monocultura da cana-de-açúcar.