Mais de 300 líderes comunitários recebem capacitação em economia solidária

08/03/2007 - 19h10

Irene Lôbo
Repórter da Agência Brasil
Brasília - Para os brasileiros que têm dificuldade paraentrar no mercado tradicional de trabalho, ou seja, conseguir empregocom carteira assinada, o Ministério do Trabalho e Emprego criou, no anopassado, o Projeto de Promoção do Desenvolvimento Local e EconomiaSolidária, uma nova forma de economia.

Como projeto, pequenos produtores de banana, artesanato, pão, colares,pulseiras e brincos, entre outras coisas, podem se organizar e venderseus produtos. Os empreendimentos são fortalecidos com a ajuda delíderes comunitários, que, de hoje (8) até terça-feira (13),aprenderão a organizar grupos no conceito de economia solidária.

Nototal, serão treinados 331 líderes de todo o país. No treinamento, elestambém vão ser capacitados para atuar junto aos beneficiários doprograma Bolsa Família. “A idéia é aproveitar as potencialidades queessas populações já têm, porque elas já se organizam, já garantem suasobrevivência de alguma forma e, a partir do projeto, apoiá-las paraque possam se organizar coletivamente nesses empreendimentos”, explicouo diretor de Fomento à Economia solidária do Ministério do Trabalho,Dione Manetti.

A atuação dos líderescomunitários já pode ser vista em alguns lugares. Em Alcântara, noMaranhão, já existe um banco popular com moeda própria para a economiasolidária. Trata-se do primeiro banco quilombola do Brasil,administrado pela comunidade negra do município.

EmBrasília, a comida que os líderes comunitários vão consumir durante ocurso de capacitação será feita também por um grupo de economiasolidária, do Centro de Cultura e Desenvolvimento do Paranoá. Nocentro, são desenvolvidas ainda atividades como alfabetização de jovense adultos, recreação infantil e artesanato, informou Maria Creuza deAquino, uma das diretoras da instituição. “Tem também a escola deinformática e o grupo de economia solidária”, acrescentou.

Outranovidade é que os líderes também serão treinados para aplicar conceitosde preservação ambiental nos empreendimentos de economia solidária. Aestudante Fernanda Freire, de Fortaleza, disse que, além de ensinar osgrupos a buscar recursos para os projetos de economia solidária,pretende passar noções de consumo sustentável.

“Quandoa gente fala de economia solidária, também tem que falar de meioambiente, de preservação ambiental, porque, se for pensar na situaçãoatual do planeta, não tem nem como pensar na economia. Ainda mais naeconomia sustentável e solidária”, afirmou.

Naabertura do treinamento dos líderes comunitários, o ministro doDesenvolvimento Social e Combate à Fome, Patrus Ananias, destacou aimportância da economia solidária no contexto de desemprego estruturalque vive o país: “As empresas hoje produzem mais, com menos gente, oque nos dá mais motivos para pensar em modelos alternativos dedesenvolvimento local, dos arranjos produtivos locais, da economiasolidária.”

O secretário nacional deEconomia Solidária do Ministério do Trabalho, Paul Singer, que tambémparticipou da abertura da capacitação, completou: “É cada vez maisclaro que a economia solidária é um importante instrumento de lutacontra a fome, mas também a luta pela inserção e integração dosmarginalizados e dos excluídos.”