MST ocupa BNDES pedindo mais crédito para agricultura familiar

07/03/2007 - 19h10

Carolina Cabral
Da Agência Brasil
Rio de Janeiro - Cerca de setenta integrantes do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) e militantes feministas ocuparam no começo desta tarde a sede do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), no Rio de Janeiro. A ação faz parte de uma série de manifestações da Jornada de Luta em Defesa da Vida e contra o Agronegócio, promovida pelas mulheres do MST.“O objetivo da manifestação é fazer com que o governo federal aumente o investimento na agricultura familiar e na reforma agrária", afirmou Luciana Miranda, integrante da diretoria do MST no Rio. Segundo nota distribuída pelo movimento, outra exigência é a abertura de linhas de financiamento sem burocracia para os pequenos agricultores.Ainda no começo da tarde, as líderes do movimento se reuniram com o diretor da Área Social do banco, Élvio Gaspar, e fecharam a realização de um fórum para discutir mais investimentos para a agricultura familiar. O fórum será composto por entre integrantes do MST, donos de indústrias agrícolas e BNDES.Luciana Miranda considera que o desenvolvimento do país só acontecerá se o governo passar a promover o pequeno agricultor e diminuir o investimento nas grandes multinacionais. "Nós acreditamos que o desenvolvimento do Brasil só irá acontecer se o governo começar a investir na agricultura familiar, que emprega mais de 80% dos trabalhadores do campo. Nós defendemos o fim da prática do agronegócio e dos grandes investimentos nas multinacionais que exploram os trabalhadores e que acabam com a biodiversidade”, declarou.O Ministério da Agricultura informou, pela assessoria de imprensa, que somente no último ano, o Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf) beneficiou 1,9 milhão de famílias e que atualmente, existem R$ 10 bilhões disponíveis para o financiamento dos pequenos agricultores.A Rede Brasil sobre Instituições Financeiras Multilaterais, grupo deorganizações da sociadade civil, lançou uma campanha este ano parapedir que o BNDES invista mais na área social. Em entrevista ontem, o secretário de Economia Solidária do Ministério do Trabalho, Paul Singer, reconheceu que “o microcrédito não deslanchou de acordo com a necessidade”.Ele admite que atualmente os pequenos produtores têm dificuldades deacesso a financiamento pela exigência de garantias dos bancos. O BNDEStem um Programa de Microcrédito que aprovou, desde sua criação há doisanos, R$ 76,3 milhões. Até o final de sua vigência, em dezembro de2008, o programa ainda tem R$ 93 milhões para investir.