Diversificação de parceiros brasileiros no comércio é confortável e relação com os EUA vai bem, avalia Câmara de Comércio

07/03/2007 - 7h53

Mylena Fiori
Repórter da Agência Brasil
Brasília - A redução da importância dos Estados Unidos na balança comercialbrasileira nos últimos anos não representa, necessariamente, umproblema para o país, na avaliação do presidente da Câmara Americana deComércio (Amcham), Alexandre Silva. “O Brasil tem uma diversificação deparceiros muito grande. Todos os outros países, individualmente, estãoabaixo de 10%, o que nos deixa numa situação bastante confortável epouco vulnerável”, disse ele à Agência Brasil, em referência ao fato de que, hoje, os EUA são o único país que responde por mais de 10% de nossas exportações eimportações. Os Estados Unidos são o principal parceiro comercial brasileirodesde 1927 – individualmente, são os que mais compram do Brasil etambém os que mais vendem para o país. A liderança dos Estados Unidoscomo nosso maior parceiro comercial fica ainda mais explícita quandocomparada aos outros dois países com os quais o Brasil mais realizadatrocas comerciais. Acorrente de comércio com a Argentina, segundo parceiro brasileiro,ficou em US$ 19,76 bilhões em 2006 – metade dos US$ 39,12 bilhõescomercializados com os norte-americanos. Já o comércio com a China,terceiro parceiro tanto em exportações como em importações, totalizouUS$ 16,37 bilhões. “Apesar de os Estados Unidos serem ainda omaior parceiro,a participação brasileira nas exportações americanas épequena”, ressalva o presidente da Amcham. Como maiores importadores domundo, os norte-americanos compram, de outros países, US$ 2 trilhõespor ano – o Brasil representa apenas 1,4% disso, segundo Silva. “Essaparticipação tem caído. Apesar do volume  de exportaçõesbrasileiras para os Estados Unidos ter subido, tem subido menos do quepara outras regiões.” Recentemente, o ex-embaixadorbrasileiro em Washington, Roberto Abdenur, fez críticas à políticabrasileira de promoção comercial junto aos norte-americanos, nosúltimos anos. Em reunião no Senado, na última semana,  Abdenurdestacou que  há 20 anos o Brasil chegou a ter 2,2% daquelemercado. "Essa é uma situação em que é preciso equilibrar melhorênfases e prioridades”, afirmou, criticando a “excessiva” ênfase dadapelo governo Lula ao comércio Sul-Sul. Desde 2002, ointercâmbio comercial do Brasil com os Estados Unidos vem crescendo aritmo menos acelerado do que para outras regiões do planeta. Mas, naavaliação do presidente da Câmara Americana de Comércio, os números sãoresultado de uma combinação de fatores, e não de uma mudança deorientação política, simplesmente. “É um pouco da maior agressividadede outros parceiros americanos, como a China, é um pouco de foco doBrasil em desbravar outros mercados no Oriente Médio, África e Ásia, eé um pouco também por questões de barreiras comerciais, na questão doagrobusiness, especialmente”, avalia Alexandre Silva. O governobrasileiro reconhece o crescimento maior das trocas comerciais comoutras regiões, mas nega que a diversificação de parcerias representenegligência com relação aos nossos parceiros tradicionais. “Acho que ascoisas estão indo muito bem no relacionamento Brasil/Estados Unidos”,afirmou o secretário de Comércio Exterior do MDIC, Armando Meziat, naúltima semana. “As exportações cresceram mais para países da AméricaLatina, para a própria Ásia, mas isso não significa que tenha havidopouco caso para com os Estados Unidos, é impossível alguém pensar dessaforma”, reiterou.Alexandre Silva aposta nas perspectivascomerciais com os Estados Unidos. Hoje, os produtos industrializadosdominam a pauta de exportações brasileiras para os Estados Unidos – 85%dos 24,43 bilhões embarcados para lá em 2006 foram produtosmanufaturados e semimanufaturados. Mas são os produtos agrícolas queenfrentam as maiores barreiras comerciais – seja pelas altas tarifas deimportação (como no caso do etanol), seja pela imposição de cotas paraa entrada de produtos brasileiros. “Essa é uma coisa que,evidentemente, tem que ser tratada de governo para governo. Ainiciativa  privada e associações como a Câmara Americana têm oseu papel também, temos que trabalhar no sentido de tentar reduziressas barreiras”, diz o presidente da Amcham. Ele defende,também, melhores condições para investimentos norte-americanos noBrasil. “Há outros assuntos que  às vezes dificultam osinvestimentos de empresas norte-americanas no Brasil como a pirataria,a questão da falta de um acordo de bitributação entre Brasil e EstadosUnidos. Há uma série de coisas  que, se resolvidas adequadamente,vão estimular o investimento de empresas americanas no Brasil tantopara atender o mercado interno quanto para exportar a partir daqui”,avalia.  “Os Estados Unidos são a maior economia do mundo, osmaiores importadores do mundo. Nesse ponto, a gente ter que serpragmático, tem que focar aonde a gente tem mais oportunidades.”