Homens são maioria da população de rua no Brasil, constata entidade de direitos humanos

04/03/2007 - 11h11

José Carlos Mattedi
Repórter da Agência Brasil
Brasília - A maioria da população de rua no Brasil é composta porhomens (80% a 85%) e, do total de homens e mulheres, entre 70% e 80% se situamna faixa dos 18 aos 50 anos, ou seja, são considerados economicamente ativos. Esses números são da Nova – Pesquisa e Assessoria emEducação, entidade que desde 1973 atua na área educacional - incluindotrabalhos com moradores de rua - e estão no livro Direitos Humanos no Brasil 2– Diagnóstico e Perspectivas, lançado na semana passada em Brasília.A publicação traz o monitoramento da questão dos direitoshumanos no país entre 2003 e 2006. São diversos artigos que abordam temas comoreforma agrária, desenvolvimento e meio ambiente, justiça e segurança, criançase adolescentes.O foco do trabalho é “a realidade concreta das populaçõescom direitos violados ou jamais conquistados”. De acordo com a Nova, os dadosestão baseados nas poucas pesquisas existentes no país, e também no contatohabitual com essa população.Segundo a entidade, os principais fatores que levam essaspessoas a morar na rua, são desemprego, conflitos familiares, dependênciaquímica, doença mental, narcotráfico e falta de moradia.Viver ao relento, assinala a Nova, equivale a condições dehigiene inadequadas, alimentação precária, exposição às intempéries, aglomeraçãoao dormir, sexo sem preservativo, uso e abuso de álcool e outras drogas.“Isso tudo se concretiza na ruptura com a vida cidadã,ruptura esta aceita submissamente por esse segmento social, e por nós quepassamos a considerar ‘normal’ a sua presença”, destaca o artigo. Em seguida, o texto ressalta que a grande maioria das ações– tanto dos governos quanto da sociedade civil – visa a satisfazer necessidadesimediatas como roupas, alimentação, pernoite.Acrescente-se a isso, prossegue a Nova, a prática freqüentede negar aos moradores de rua diversos serviços do Estado, como atendimentosnas áreas de saúde, trabalho, moradia e educação.No triênio 2003/2006, ressalta a entidade, o desafio de daruma resposta à situação dessa população deixou de ser uma urgência apenas paraas cidades grandes e médias. Passou a ser, também, das cidades menores, devidoao aumento crescente dos moradores de rua no interior (o texto não citanúmeros).A Nova critica as autoridades pela falta de uma solução parao problema: “Os governos carecem de propostas claras de inclusão para essesegmento social e com muita freqüência ignoram a presença, o conhecimento eexperiência da sociedade civil na construção de qualquer proposta”.São parceiros na publicação do livro: Movimento Nacional deDireitos Humanos (MNDH), Processo de Articulação e Diálogo entre as AgênciasEcumênicas Européias e Parceiros Brasileiros (PAD), Plataforma Brasileira deDireitos Econômicos, Sociais e Culturais, e as entidades da Miseror (Igreja Católicada Alemanha) no Brasil.